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A
decisão da Boeing
de suspender a pro-
dução do 737 MAX
aconteceu porque
seria inviável para a
empresa manter ativa a linha de
montagem do novo jato sem um
prazo definido de retomada dos
voos comerciais do modelo. Ainda
assim, trata-se de um fato inédito
na história da indústria aeronáu-
tica. Um recordista de vendas,
queridinho de empresas aéreas,
pilotos e muitos passageiros, perde
a aura de avião impecável para se
torna um pesadelo sem-fim. Mas
o que isso significa? Será o fim
do legendário 737, o avião mais
popular de todos os tempos?
SUBSTITUTO
A pausa na produção do 737
MAX, que acumula mais de 4.500
pedidos, com pelo menos 400
aviões novos prontos para entrega
aos clientes, gerou uma série de
dúvidas em relação ao futuro
do jato. Não apenas em relação
a seu desempenho comercial,
mas, sobretudo, à capacidade
da Boeing de honrar todos os
pedidos. Especialistas nos Estados
Unidos acreditam que o fabricante
norte-americano poderá abreviar
a vida da versão MAX, passando a
trabalhar muito antes do esperado
em um substituto.
A expectativa era que a família
737 MAX pudesse ser comercializa-
da por mais 15 ou 20 anos, quando
se justificaria sua aposentadoria em
definitivo. A questão é que, após os
dois acidentes, a FAA (Federal Avia-
tion Administration) vem realizando
um escrutínio sem paralelo no pro-
jeto do 737, incluindo no da família
NG, e os planos da Boeing podem
mudar – se é que já não mudaram.
PROCESSOS
A falha no projeto de uma aerona-
ve é algo bastante grave. Mas isso
já aconteceu e não despertou tanta
atenção nem gerou a controvérsia
que envolve o caso 737 MAX. O
que houve? Os problemas parecem
ter ido além de um erro de enge-
nharia. A forma como a antiga
direção da Boeing encaminhou
o processo pode ter sido decisiva
para o atual quadro, que se tornou
tão grave quanto incontrolável. E o
impensável aconteceu.
Quando o acidente com o voo
da Lion Air completava um ano, em
outubro de 2019, o então CEO da
Boeing, Dennis Muilenburg, acabou
convocado para uma audiência no
Senado nos Estados Unidos. Com
mais consequências políticas do que
jurídicas, ao menos de forma direta,
o comitê criou um impasse para a
empresa. Além de comprometer