MAGAZINE 308 | (^57)
o futuro comercial do programa,
os danos à imagem do 737 MAX
criaram oportunidades para advo-
gados em todo o mundo moverem
processos indenizatórios contra a
Boeing, uma avalanche deles.
A crise levou à queda de
Muilenburg, substituído por David
L. Calhoun depois de uma gestão
temporária de Greg Smith. “O
Conselho de Administração decidiu
que era necessária uma mudança de
liderança para restabelecer a con-
fiança na companhia, que trabalha
para reparar o relacionamento com
reguladores, clientes e todas as de-
mais pessoas interessadas”, afirmou
a Boeing em comunicado. No dia
do anúncio da troca de comando, as
ações da Boeing operaram em alta e,
nas semanas seguintes, o otimismo
do mercado se confirmou. A nova
gestão se mostrou mais atenta à
transparência no processo, cola-
borando de forma proativa com as
investigações, e tomando decisões
pragmáticas.
ERRO HISTÓRICO
Em 2018, logo após o acidente
com o voo da Lion Air, ainda no
calor do momento, o fabricante
norte-americano se mostrou um
tanto arredio na forma como lidou
com a situação. Nos dias seguintes
à catástrofe, já havia uma descon-
fiança em relação ao sensor de
ângulo de ataque (AoA) e alguma
suspeita sobre a atuação do MCAS
em alguns casos. Na época, no en-
tanto, a Boeing chegou a afirmar
que o acidente havia sido causado,
possivelmente, por um erro de pi-
lotagem, sem ligação direta com o
AoA, o MCAS ou qualquer outra
falha técnica.
A situação começou a mudar
quando um 737 MAX 8 da Ethio-
pian Airlines, considerada uma das
mais seguras empresas aéreas do
mundo, mergulhou sem controle
após decolar e se envolveu em mais
um acidente sem sobreviventes. O
MCAS voltou ao debate, mas, desta
vez, com fortes evidencias de que
havia algo errado no sistema. Nova-
mente, a Boeing procurou se eximir
de qualquer responsabilidade.
“Talvez esse tenha sido seu maior
erro em 100 anos de existência”,
avalia William Clark, analista de
uma seguradora especializada no
setor aeronáutico. “Ao esconder deli-
beradamente que conhecia as falhas
do MCAS, os executivos minaram
toda a confiança da comunidade
aeronáutica na Boeing e no processo
de certificação”.
MENSAGENS INTERNAS
Durante a audiência no Comitê de
Comércio do Senado, o tema foi
debatido de forma enfática pelos
senadores, que acusaram a Boeing
de omitir informações. Entre os
temas tratados na audiência estava o
teor de mensagens internas trocadas
entre os funcionários da Boeing.
Elas sugeriam que os problemas
com o MCAS eram de conhecimen-
to da engenharia e de grande parte
da cadeia de comando da empresa.
Além disso, davam a entender que
a FAA não possuía informações
completas sobre o sistema.
Durante a abertura do comitê,
a senadora Maria Cantwell, de
Washington, caracterizou o
processo como uma queda nos
padrões de segurança e destacou
a necessidade de reavaliar como
sistemas automatizados são certifi-
cados, podendo envolver até uma
auditoria realizada por terceiros.
Já o senador Roger Wicker, do
Mississippi, que presidia o comitê,
questionou como se deu o processo
de certificação do 737 MAX e por
antfer
(Antfer)
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