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B10 Economia QUARTA-FEIRA, 4 DE MARÇO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
Acionistas fazem
pressão para trocar
presidente do Twitter
Bruno Capelas
A empresa de classifica-
dos online OLX Brasil
anunciou ontem um
acordo para adquirir
100% das ações da star-
tup de imóveis online Grupo
Zap. O negócio, que envolve-
rá R$ 2,9 bilhões em dinheiro,
ainda depende da aprovação
do Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (Cade)
- até lá, as duas empresas fun-
cionarão de forma completa-
mente independente. Com a
aquisição, as duas empresas
terão mais de 12 milhões de
anúncios de imóveis e cerca
de 40 mil agentes imobiliá-
rios parceiros no Brasil.
Em comunicado enviado à
imprensa, a OLX afirma que fe-
chou o negócio para aumentar
sua posição no mercado de
imóveis, em um momento es-
pecial para o setor no País,
com “a queda na taxa de juros e
muito potencial de crescimen-
to”. “Estamos na vanguarda pa-
ra que a cadeia de valor de imó-
veis seja mais digital. Com a
transação, vamos tornar os
processos de compra, venda e
aluguel de imóveis mais segu-
ros, simples e eficientes”, diz
Andries Oudshoorn, presiden-
te executivo da OLX no País.
Fundada em 2006 na Argen-
tina por Fabrice Grinda e Ale-
jandro Oxenford, a OLX hoje é
controlado pelo Prosus, grupo
com sede em Amsterdã, na Ho-
landa e pela sul-africana Nas-
pers. Em todo o mundo, a OLX
tem mais de 20 marcas diferen-
tes e cerca de 300 milhões de
usuários. Aquil, a OLX Brasil é
uma joint venture entre o Pro-
sus e a Adevinta, da noruegue-
sa Schibsted.
Já o Grupo Zap é o resultado
da fusão entre o Zap Imóveis e
o Viva Real, dois serviços de
classificados de imóveis brasi-
leiros – fundado em 2000, com
participação do Estado e do
Grupo Globo, o Zap Imóveis
hoje é controlado indiretamen-
te por acionistas da Globo. O
Estado vendeu sua participa-
ção no negócio em 2012. Em
2018, o Grupo Zap teve recei-
tas de R$ 217 milhões. Há al-
guns anos, a empresa era co-
tada para se tornar um novo
unicórnio brasileiro – star-
tup avaliada em pelo menos
US$ 1 bilhão. O valor da aqui-
sição, porém, não foi sufi-
ciente para o Zap alcançar
tal status. Segundo comuni-
cado, o JP Morgan e a Allen
& Company foram os asses-
sores financeiros da OLX e
do Zap na transação.
Setor movimentado. O se-
tor de imóveis tem sido bas-
tante movimentado no mun-
do das startups brasileiras.
Ao longo dos últimos 12 me-
ses, duas empresas do ramo
se tornaram unicórnios – o
QuintoAndar, que interme-
deia aluguéis residenciais, e a
Loft, que faz compra, refor-
ma e revenda de apartamen-
tos em cidades como São Pau-
lo e Rio de Janeiro.
As duas empresas recebe-
ram rodadas de investimen-
tos na casa das centenas de
milhões de dólares e cha-
mam a atenção por seu cresci-
mento expressivo.
Presidente executivo do Twit-
ter, Jack Dorsey está com a lide-
rança da rede social ameaçada.
Isso porque a gestora de investi-
mentos Eliott Management co-
meçou a fazer pressão no merca-
do para que ele seja substituído.
Conhecida por ser um fundo ati-
vista, que faz mudanças nas em-
presas em que investe, a Eliott
representa os interesses de Paul
Singer, um empresário conheci-
do por ser megadoador de recur-
sos para as campanhas do Parti-
do Republicano americano.
Na última semana, veio à tona
a notícia de que Singer comprou
uma fatia das ações da empresa.
Com as informações, as ações
da empresa acumularam alta de
5% durante a semana, levando o
Twitter para a avaliação de mer-
cado de US$ 27,3 bilhões.
Hoje, Dorsey também é presi-
dente executivo da empresa de
pagamentos Square e anunciou
em 2019 um plano de morar e
trabalhar na África durante uma
parte do ano. A atenção dividida
seria o motivo alegado por Sin-
ger para pedir a troca – Dorsey é
o único presidente executivo de
duas empresas com valor de
mercado acima de US$ 5 bi-
lhões. Nem o Twitter nem Paul
Singer comentaram as notícias.
Michael Levine, analista da Pi-
votal Research Group, escreveu
numa nota para investidores
que as chances de sucesso da El-
liott Management são altas –
além de substituir Dorsey, a fir-
ma poderia obter quatro cadei-
ras no conselho da empresa.
Há quem afirme, porém, que
a mudança também pode ter ra-
zões políticas: Dorsey, que já ba-
niu propagandas políticas na re-
de para não influenciar o voto
de milhões de pessoas, é conhe-
cido por ser um liberal. Entre-
tanto, nos últimos tempos o
Twitter tem sido cada vez mais
usado por figuras conservado-
ras, como o presidente america-
no Donald Trump e o brasileiro
Jair Bolsonaro. Uma mudança
de comando poderia alterar os
rumos da rede.
Dorsey, porém, recebeu
apoio de colegas. Elon Musk,
presidente executivo da Tesla e
bastante ativo na rede social, es-
creveu em seu perfil: “Só quero
dizer que apoio Jack Dorsey co-
mo presidente do Twitter. Ele
tem um bom coração”.
Investidores pedem a
saída de Jack Dorsey,
que também comanda a
empresa de pagamentos
online Square
De olho em imóveis, OLX Brasil
compra Grupo Zap por R$ 2,9 bi
40 mil
agentes imobiliários serão
parceiros da empresa
resultante da fusão entre
a OLX Brasil e o Grupo Zap.
Fundado em 2000, o Grupo Zap
é resultado de uma fusão entre
o Zap Imóveis e o Viva Real,
duas startups brasileiras de
anúncios online de imóveis
Aquisição visa reforçar
posição da empresa de
classificados no setor de
imóveis, que já tem dois
unicórnios no País
Nubank lança cartão
de crédito no México
lElo
Startup brasileira passa
a oferecer produto
oficialmente no país,
onde tem escritório
desde maio de 2019
MARCO ANTONIO TEIXEIRA/OLX-5/8/2019
Morreu ontem, aos 67 anos, o
jornalista Celso Pinto. Um dos
jornalistas econômicos mais in-
fluentes de sua geração, ele foi o
fundador do jornal Valor Econô-
mico, principal periódico espe-
cializado em economia do País.
Ele estava afastado do jornal
desde 2003, quando teve uma pa-
rada cardiorrespiratória. Nos úl-
timos dez dias, estava internado
em razão de uma pneumonia.
Formado em Ciências Sociais
pela USP, Celso Pinto começou
a trabalhar em 1974 como repór-
ter da Folha de S.Paulo. Anos de-
pois, graduou-se em jornalismo
na Faculdade Cásper Líbero.
Com uma trajetória de sucesso,
consolidou sua carreira na área
econômica na Gazeta Mercantil,
onde trabalhou em São Paulo e
Brasília e como corresponden-
te em Londres.
“Celso foi o melhor jornalista
da sua geração. São poucos jor-
nalistas que têm a capacidade
dele de explicar assuntos com-
plicados de economia com sim-
plicidade”, disse ao Estado o
economista Persio Arida, um
dos idealizadores do Plano Real.
Amigos desde o tempo da
USP, Arida contou que Celso
Pinto tentou levá-lo para o jor-
nalismo, assim como o econo-
mista tentou levá-lo para o go-
verno à época do Plano Real.
“Não como economista, mas pa-
ra escrever sobre esse momen-
to da economia. Obviamente,
Celso não aceitou, alegando
que não queria comprometer a
imparcialidade que um jornalis-
ta deve ter”, disse Arida.
Seguindo essa linha, Celso
Pinto foi o primeiro jornalista a
alertar sobre as armadilhas do
Plano Real, rompendo o silên-
cio mantido pela imprensa so-
bre a bomba que se armava com
a âncora cambial, conforme des-
creveu a economista Eliana Car-
doso no prefácio do livro Os de-
safios do crescimento, dos milita-
res a Lula, uma coletânea de arti-
gos de Celso Pinto organizada
pelo jornalista Oscar Pilagallo,
publicado em 2007.
Voltou à Folha em 1996 como
colunista. Suas colunas eram
acompanhadas pelos princi-
pais banqueiros e empresários
do País e costumavam pautar a
grande imprensa. Frequentou
por mais de 30 anos as reuniões
do Fundo Monetário Internacio-
nal e do Banco Mundial.
Para o ex-presidente do Ban-
co Central, Arminio Fraga, Cel-
so Pinto “deixa um exemplo de
competência e seriedade”.
Em 2000, foi convidado pe-
los controladores da Folha e do
Globo para formar a equipe de
160 jornalistas e as diretrizes do
Valor Econômico, do qual foi di-
retor de redação até maio de
- Ele deixa a mulher, jorna-
lista Célia de Gouvêa Franco, os
filhos Pedro e Luís, o neto Davi
e as irmãs Wandy e Stela.
O velório terá início hoje às
10h no Cemitério do Morumbi
e o enterro ocorrerá às 14h.
Celso Pinto foi um dos jornalistas mais influentes da sua geração e tinha seus textos acompanhados de perto por banqueiros e empresários
Waymo capta US$ 2,25 bi
em novos investimentos
O Nubank lançou ontem o seu
serviço de cartão de crédito no
México. A partir de agora, todos
os mexicanos com mais de 18
anos poderão solicitar o cartão
roxo. O México é o primeiro
país fora do Brasil a receber o
serviço – em maio do ano passa-
do, o Nubank começou sua ofen-
siva internacional inaugurando
um escritório no país latino. Ho-
je, a filial na Cidade do México
já tem 80 funcionários.
Já há uma lista de espera de
30 mil clientes interessados no
serviço. O México é visto como
uma grande oportunidade para
o Nubank: segundo os dados
mais recentes do Banco Mun-
dial, citados pela empresa, o
país tinha no fim de 2017 cerca
de 36 milhões de pessoas sem
acesso ao sistema bancário.
Na visão de David Vélez, pre-
sidente executivo do Nubank, a
empresa deve usar no México a
mesma estratégia para conquis-
tar clientes que teve no Brasil:
as indicações dos próprios con-
sumidores. “Nossa experiência
com 22 milhões de brasileiros e
o fato de oferecermos um pro-
duto de crédito serão muito im-
portantes para nosso sucesso
no país”, disse ele, por meio de
nota enviada à imprensa.
Após receber um aporte de
US$ 400 milhões liderado pe-
lo fundo americano TCV, em
julho do ano passado, o Nu-
bank está avaliado em cerca
de US$ 10 bilhões. Hoje, a em-
presa tem quase 22 milhões
de clientes, divididos entre o
cartão de crédito roxo e a con-
ta de pagamentos NuConta.
Ao todo, a empresa já levan-
tou US$ 820 milhões em ro-
dadas de investimento.
Além do México, o Nu-
bank abriu no ano passado
um escritório na Argentina –
lá, a empresa pretende atin-
gir um público de 16 milhões
de argentinos que não pos-
suem acesso ao sistema ban-
cário tradicional. Entre as
metas da empresa para 2020,
estão a de lançar o serviço de
empréstimos pessoais para
toda a base de usuários, bem
como ampliar a base de usuá-
rios da conta para pessoas ju-
rídicas. / GIOVANNA WOLF
Avanço.
Após transação,
OLX Brasil, de
Oudshoorn, terá
12 milhões de anúncios
Divisão de carros
autônomos do Google
levantou recursos com
fundos para não
depender da matriz
MARIE HIPPENMEYER/ESTADÃO - 5/11/2001
Morre o criador do ‘Valor Econômico’
Celso Pinto. Carreira na
área teve início em 1974
Celso Pinto H 1953 = 2020
FRANCOIS MORI/AP
Na berlinda. Fundador do Twitter, Dorsey pode ter de sair
Divisão de carros autônomos da
Alphabet, a holding que controla
o Google, a Waymo anunciou
nesta semana que captou uma
rodada de investimentos de US$
2,25 bilhões, com investidores
como os fundos Silver Lake, An-
dreessen Horowitz e Mubadala.
É a primeira vez que a iniciati-
va de veículos sem motorista do
Google capta investimentos ex-
ternos. A Waymo não disse em
quanto está avaliada após a ro-
dada de aportes, mas acrescen-
tou que buscará investidores
adicionais nesta rodada. No
ano passado, o banco de investi-
mentos Morgan Stanley publi-
cou um relatório avaliando a
companhia em US$ 105 bilhões.
Fundada há 11 anos como um
projeto paralelo, a Waymo é con-
siderada hoje uma líder no setor
de veículos autônomos, mas, na
visão de analistas, a empresa ain-
da está longe de conseguir fazer
um negócio de larga escala. Na
conferência de imprensa da em-
presa, o presidente executivo
John Krafcik disse que a venda
ou a separação da Waymo da
Alphabet é uma “possibilidade
para o futuro”. Para ele, o investi-
mento externo pode dar “maior
independência” à Waymo.
Em conferência com investi-
dores, a diretora financeira da
Alphabet, Ruth Porat, disse que
a presença de investidores ex-
ternos ajudará a Waymo a ser
mais disciplinada em seus gas-
tos – hoje, a empresa é uma das
principais responsáveis pelos
prejuízos da área de Outras
Apostas da Alphabet, junto com
a empresa de ciências da vida
Verily, que recebeu um aporte
de US$ 1 bilhão da Silver Lake
no ano passado. Na conferên-
cia, a empresa divulgou ainda a
criação de uma unidade de negó-
cios de caminhões autônomos,
chamada Waymo Via.
Em 2019, a empresa lançou
no Arizona um produto chama-
do Waymo One, serviço de
transporte compartilhado
“sem motorista”. Segundo Kraf-
cik, o Waymo One e o Waymo
Via, que atuará com fretes lo-
cais e de longa distância, são
dois caminhos interessantes pa-
ra a Waymo, mas não os únicos.
/ REUTERS