ANOVAVAGADEINCÊNDIOS 97
A partir do momento
em que os incêndios
florestais se tornaram o
tema forte das notícias
entre Julho e Setembro,
a opinião pública exigiu
maior investimento
em meios de combate.
A indústria de combate
ao fogo cresceu
exponencialmente.
PATRÍCIA DE MELO MOREIRA/
/AFP/GETTY IMAGES
A coluna rodopiante de chamas que se encaminha-
va na sua direcção era imparável. “Parecia que o fogo
ia consumir o mundo inteiro”, diz Filipa Rodrigues.
De certa forma, ela tinha razão. O novo tipo de
mega-incêndio que eclodiu nas regiões monta-
nhosas do centro de Portugal no dia 17 de Junho de
2017 foi a tempestade perfeita de fogo que ocorre
quando a atmosfera crescentemente instável entra
em contacto com uma paisagem pronta a arder.
É também um aviso sobre aquilo que o futuro re-
serva aos ecossistemas de tipo mediterrâneo da
Turquia à Espanha, Grécia e Califórnia, à medida
que as alterações climáticas geram períodos de
seca cada vez mais longos.
- médicos, professores, carteiros, estudantes uni-
versitários – usam as férias para prestar serviço no
quartel de bombeiros local, aguardando 24 horas
por dia por uma chamada para combater o fogo.
Não era o primeiro incêndio florestal de Filipa
Rodrigues, mas ela nunca vira nada assim: en-
quanto as chamas a perseguiam e aos colegas mais
depressa do que eles conseguiam correr, com o
camião a arder e os rádios derretidos, ela aperce-
beu-se de que iria morrer. Os colegas tentaram re-
tirar os passageiros do interior do BMW. “Gritámos
e voltámos a gritar, mas eles não reagiam”, conta.
O calor obrigou-os a retroceder e foram impotentes
para travar o incêndio que devorava o automóvel.