ELLE PT 143
m maio de 2019, a indústria
da maquilhagem ficou em
alvoroço com o lançamento
da gama de batons da Gucci.
Esta aventura pelo universo da beleza
não é propriamente uma novidade para
a marca italiana: as referências de perfu-
maria estão presentes em todas as lojas
da especialidade e a estreia na maqui-
lhagem aconteceu na primeira década
dos anos 2000, com Pat McGrath como
diretora criativa. Entretanto, a maqui-
lhadora criou a sua própria marca (que
está avaliada em mais de mil milhões
de dólares) e o tema maquilhagem caiu
no esquecimento na sede da Gucci...
Até agora. Claro que este regresso foi
feito com pompa e circunstância: uma
coleção de 58 batons, de diferentes aca-
bamentos e com todas as cores possíveis
e imaginárias. Para acompanhar este
lançamento, foi criada uma campanha
com quatro criatividades diferentes de
planos próximos de bocas de modelos
e um spot com uma estética inspirada
nos anos 80. «A ideia da campanha é
a de criar uma representação próxima
da realidade com um ponto de vista
humano, por mais estranho que seja.
Mas ser estranho é ser humano, por
isso é bonito», afirmou Alessandro
Michele, diretor criativo da marca, em
comunicado aquando ao lançamento.
Uma das quatro modelos protago-
nistas é Dani Miller, vocalista da banda
punk rock Surfbort, conhecida pelos
espaços que tem entre os dentes. O sor-
riso rasgado que exibe na campanha
fotografada por Martin Parr deu origem
a muitos comentários positivos e moti-
vadores, mas também recebeu reações
menos positivas por parte do público.
O argumento de que a imagem era feia
e, por isso não era apelativa para efetuar
a compra dos batons, foi utilizado de
forma repetitiva. Miller posicionou-se
em entrevista à revista norte-america-
na Glamour afirmando que esperava
que «o anúncio inspire, e tranquilize,
as pessoas em todo o mundo a encon-
trarem confiança e a saberem que não
há problema em serem elas mesmas».
«Deixem de lado as pressões dos con-
ceitos de beleza e perfeição tradicionais.
As vossas características únicas são po-
derosas e bonitas. Ignorem os inimigos.
Abracem a vossa loucura interior, o vosso
eu autêntico. Vocês são muito boni-
tas e estrelas brilhantes, e nunca mais
precisam de se esconder ou de se sentir
deslocadas», conclui.
Esta mensagem de esperança e acei-
tação vai ao encontro do momento que
estamos a viver: a indústria está a fazer
um esforço para adaptar o seu vocabulá-
rio a uma linguagem mais inclusiva de
modo a que os seus consumidores – que
se multiplicam em formas e feitios –
consigam identificar-se com as marcas.
No entanto, a reação negativa é fruto de
valores culturais e de padrões de beleza
enraizados na nossa sociedade como um
todo. Afinal, o que define o que é um
sorriso bonito ou feio? Quem disse que
os dentes estranhamente direitos, juntos
e incrivelmente brancos são o sonho de
toda a gente? Não sabemos. No entanto,
acreditamos que o segredo para um sor-
riso lindo não é a perfeição, é o cuidado
de que ele é alvo. Sim, percebeu bem:
uma boa saúde oral é o segredo para
um sorriso bonito. Como tal, voltamos
aos básicos e fazemos uma revisão aos
cuidados de higiene dentários.
Numaépocaemqueosapelosporumconceitodebelezaplurale
inclusivo continuam a ser reivindicados, a sociedade mantém uma visão
(e uma aplicação) do politicamente correto no que diz respeito ao corpo,
incluindo os dentes. Há uma fórmula para alcançar o sorriso perfeito?
Por Carolina Adães Pereira
E
SAÚDE ORAL
SORRIA
ESTA A SER
OBSERVADA!
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