Crônica do Paulo Mauá
liberdade é uma
calça velha, azul e
desbotada.
liberdade é uma
calça velha, azul e
desbotada.
liberdade é uma
calça velha, azul e
desbotada.
“um grande abraço do...” e, não me
dando por vencido, resolvi investigar
aindamaisanegativadarespostacom
uma segunda pergunta, totalmente
dispensável: “qual parte você não
gostou do livro?”. A menina, sem
pestanejar: “no geral”. Completei o
autógrafoeolheiaopai(envergonhado)
que fotografava aquele momento
inesquecíveloparpictóricoempose:o
autor(abalado) e a criança(tranquila,
tranquila).
No geral, crianças são sinceras
demais.Plenas.Decididas.
Ainda bem que não era o
lançamentodomeuprimeirolivro,pois,
minha carreira de escritor infanto
juvenil,estariaabaladadesdeentão.
Mesmoassim,façotudoporvocês.
Pintoo céu de vermelho,danço tango
no teto, limpo os trilhos do metrô da
linhaazuldeSão Paulo, ouçoasteclas
desconcertantesde TheloniousMonk ou
ascordasenvolventesde HenriSalvador
no meu play list a caminhar de
Compostela à Andaluzia sob o verão
escaldante europeu. E saboreio os
passoscominteresse,poiscadacriança
soa diferente aos nossos abraços e
ensejos.
Comoondasdomar.
Apreciar a divina tintura das
ondas que não se repetem jamais.
Independedapraia.Cadaondatemo
próprio tempo de surgimento, da
formaçãodamarola,dodesenrolardo
tubo e do barulho efervescente. As
criançassão pastilhasdevitaminaC
soltasnoscoposservidosdodia.
Quandome perguntamcomoé
escreverparacriança,nuncadeixode
responder aos amigos poetas e
romancistas “vocês não sabem o
impacto do brilho do olhar ou a
pergunta esdrúxula de um leitor
mirim”. Mesmo que a resposta
irrompa do nada e nade com
desenvoltura contraa maré do bom
senso,doesperado,doalmejado.
Esperançasempre,masforado
padrãoherméticoeprevisto.
Vivaosúbito.
Vivaaespontaneidade.
O mundo está como está,
flagelado em trancos e barrancos,
porque a diplomacia dos idosos
perdeu o abrupto e o charme da
tranquilidadeimediatainfantil.