Ecos de galos (pág.18)
Persiga as fanopeias atônitas
escondidas no silêncio
P a l a v r a s
Acordá-las no ritmo de melopeias
envolvê-las na transpirante dança de
logopeias
esculpidas na exatidão das pedras
Multiplicá-las nos lances de dados
fazê-las voar
sob o signo da leveza
Atadas aos pés alados de Perseu
ei-las: escudo e refração
ao olhar petrificante da Medusa!
É ela, a fêmea Medusa petrificada e
petrificante que me guia nesta viagem pelas
pegadas do feminino e suas silentestessituras
que “giram emtorno desimesmascomo um
novelo” revelando umemaranhado diverso de
percepções. Debruço corpo e alma sobre o
estratogerminativo ondeapalavra,tomadade
movimento, mergulha camadas oníricas ,
telúricas e sensuais .Tambémmeencontrono
poema dedicado a Italo Calvino, Zobeide,
mulher-cidade que brota de “mútuo onírico
desejo/(que)agregouhomensque/vagavam
solitáriospelosermos”eque tentarammanter
Zobeide cativa, a objetificaram quando
construíram amulher-cidadee,“Tragadospelo
interminável trabalho / de erguer muros
muralhas / os homens não perceberam / as
botasencardidasque esmagavamosfarrapos/
desonhosaprisionados/nacidadearmadilha/
dosdesejosinconscientes".
CALVINO, Italo. As Cidades Invisíveis.
Diogo Mainardi [Trad.]. [Livro digital]. São
Paulo:EditoraBibliotecaFolha, 2003 ,pág. 21.