Aventuras na História #235A - 02Dez22_compressed

(lenilson) #1
contrava em declínio havia alguns séculos, mas
foi a invasão mongol que pôs fim ao império,
levando à divisão de seus domínios. Todas as
terras na mão dos invasores foram aglutinadas
sob o Canato da Horda Dourada. Os novos
senhores permitiam certa autonomia política
aos povos conquistados, tanto que cidades,
como Grão-Ducado de Moscou, prosperaram
durante a dominação tártara.
Considerando essa “liberdade”, a ameaça mais
imediata, portanto, não estava no Leste, mas ao
Norte. Suecos e germânicos buscavam expandir
seus territórios, no que hoje são terras russas, e
converter os povos rus – que praticavam o Cris-
tianismo Ortodoxo – ao Catolicismo Romano.
Para fazer frente a essa invasão entra em cena
um personagem que a história, de tão fantástica,
se mistura às lendas construídas em seu entorno:
Alexandre I, Príncipe de Kiev, mais conhecido
como Alexander Ne-
vski. “Nevski” deriva
da palavra neva, nome
de um dos principais
cursos d’água do país
e que significa literal-
mente neve.
Alexander ganhou
essa alcunha, pois foi
sua vitória na Batalha
do Neva (1240) que salvou o país de uma gran-
de invasão sueca vinda do Norte. Mais tarde,
o que já era um feito épico seria acrescido da
vitória em uma nova epopeia. Em 1242, os
Cavaleiros Teutões (ou Teutônicos) fizeram
uma grande investida contra as cidades próxi-
mas a Novgorod. Em uma contraofensiva,
imortalizada pelas lentes de Sergei Eisentein
(ler quadro ao lado), Alexander derrotou os
cavaleiros germânicos na Batalha do Lago Pei-
pus. Além da vitória em si, o príncipe contri-
buiu para o resgate de um orgulho adormecido
e inspirou os russos a se libertarem do outro
invasor: os tártaros.
Os fatos, no entanto, não foram imediatos
e fizeram com que os russos passassem os pró-
ximos dois séculos empenhados em expulsar
os mongóis de suas terras. A liderança dos

povos rus migrou de Kiev para Moscou e foram
os grão-duques de Moscóvia que, em 1480,
puseram um fim ao domínio tártaro ao vence-
rem a Batalha do Rio Ugra.

OS NOVOS SENHORES DO LESTE


Os séculos que passaram tendo os mongóis
como senhores fizeram com que a Rússia fos-
se apartada das transformações que ocorriam
no resto da Europa, como o Renascimento. Do
mesmo modo, mudanças ao Sul, tal qual a que-
da de Constantinopla diante dos canhões de
Mehmet II (1453), também reverberaram no
país. Com a liderança dos Príncipes de Mos-
cou, os filhos daquela cidade passaram a ser
conhecidos como “russos étnicos”, não por
uma questão racial, mas por terem sido eles a
liderarem (e vencerem) a luta contra o invasor
das terras rus. Para simbolizar essa conquista
e reforçar os laços daqui-
lo que pretendiam cons-
truir, recuperaram os
símbolos da agora caída
Bizâncio, convertendo-
-se na “Terceira Roma”.
Foi Ivan IV, o Terrí-
vel, que, ao suceder seu
pai – Ivan III, o vence-
dor da Batalha do Rio
Ugra –, liderou o processo de expansão que
faria o país se tornar novamente um grande
império. Em seu livro Prisioneiros da Geogra-
fia – Dez Mapas Que Explicam Tudo o Que
Você Precisa Saber Sobre Política Global, o jor-
nalista e escritor britânico, Tim Marshall, ao
explicar a dificuldade enfrentada por Ivan, face
a ausência de barreiras naturais entre os do-
mínios que herdara e as potenciais ameaças,
descreve a solução adotada por aquele que se
tornou o primeiro czar. “Ele pôs em prática o
conceito de ataque como defesa – isto é, come-
çar a se espalhar, consolidando-se em casa, e
avançar para fora. Isso levou à expansão. Ali
estava um homem para corroborar a teoria de
que indivíduos podem mudar a história.”
O modelo adotado por Ivan não apenas foi
bem-sucedido, fazendo com que a Rússia se

É FATO QUE RUS DE KIEV


JÁ ESTAVA EM DECLÍNIO,


MAS FOI A INVASÃO


MONGOL QUE LEVOU À


DIVISÃO DE SEU DOMÍNIO


RÚSSIA


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