Aventuras na História #235A - 02Dez22_compressed

(lenilson) #1
um César, preferia este a um monarca estran-
geiro. A derrota do Grand Armée teve como
protagonista outro personagem lendário russo,
o “General Inverno” (ler quadro da página 37).
A invasão francesa contribuiu para que o velho
sentimento de ameaça, que se manifestava des-
de os tempos do Rus, e que fez com que o povo
se levantasse contra os tártaros, fosse reacen-
dido. Ao não levarem a luta até o inimigo, os
russos viram seu país invadido e, não bastasse
a destruição causada pelo invasor, foram for-
çados a queimar a própria terra para impedir
que ela caísse em mãos inimigas.
Vencida a ameaça francesa, os czares se con-
centraram em controlar as revoltas internas e
expandir sua presença na Ásia Central, onde os
turco-otomanos (um velho inimigo) e aliados
começavam a ameaçar a Rússia. Por falar em
otomanos, o outro grande embate do século foi
a Guerra da Crimeia
(1853 -185 6), onde , ap e -
sar de ter saído derrota-
da no campo de batalha
para a coalização entre
Império Otomano,
França e Inglaterra, a
Rússia conseguiu garan-
tir (e aumentar) sua in-
fluência no Leste Euro-
peu e nos Bálcãs. Ao final desta guerra, tanto os
franceses quanto os ingleses perceberam que a
ameaça maior não vinha da Rússia, mas de um
Estado que começava a se estruturar no coração
da Europa e que iria agitar o século 20: a Alema-
nha unificada despertara.

GUERRA, REVOLUÇÃO E REVERBERAÇÃO


Ao contrário do 19, o século 20 não começou
de forma esplendorosa para a Rússia. O impé-
rio era rico e vasto, mas se via às voltas com
convulsões internas e ameaças de todos os la-
dos. Mesmo com a reforma que acabara com a
servidão em 1861, as massas estavam agitadas.
Diferentemente do que ocorrera no passado,
quando o país “se beneficiara” de seu isolamen-
to, com o avanço da comunicação e, devido à
vastidão de suas fronteiras, era impossível ficar

alheio às novas ideias daqueles tempos, espe-
cialmente ao Marxismo.
Mesmo tendo participado da supressão da
Revolta dos Boxers (1899-1901) – o que lhe ga-
rantiu sua fatia na partilha do Império Chinês


  • o país era “um gigante de pernas bambas”. Ao
    ser derrotado pelos japoneses da Guerra Russo-
    -Japonesa (1904-1905), a já precária situação
    interna se tornou insustentável. Os Romanov, a
    Casa Real que governava o país há quatro sécu-
    los, viam seu poder minguar a cada dia. A ou-
    trora incontestável autoridade do czar começa-
    va a ser ameaçada pelos insucessos militares e
    por uma massa de trabalhadores insatisfeitos
    que tinha cada dia menos pão no prato, enquan-
    to, na corte, a comida era abundante.
    Quando a Grande Guerra estourou, em
    1914, o império se viu novamente atolado em
    um campo de batalha. Todavia, ao contrário
    do que acontecera em
    situações anteriores,
    desta vez o povo se pre-
    ocupava menos com os
    inimigos externos e
    mais com a condução
    do conf lito pelo czar. O
    fato de a beligerância
    ter sido também uma
    disputa familiar – o
    czar Nicolau II era primo do kaiser alemão,
    Guilherme II – só aumentava o descontenta-
    mento. Foi então que veio a Revolução. Não foi
    a primeira, mas o Outubro Vermelho foi a der-
    radeira. Liderados por Lenin, Trotsky e Stalin,
    os trabalhadores e camponeses se insurgiram
    contra os soberanos.
    Ao ascenderem ao poder, os Bolcheviques

  • como eram chamados os revolucionários
    socialistas – tinham como prioridade retirar a
    Rússia do atoleiro que era a Primeira Guerra.
    Apesar de terem conseguido, não sem cederem
    uma parte do território nas negociações de
    Brest-Litovsk (1918), se viram mergulhados em
    outro conf lito. Para que a revolução fosse de
    fato bem-sucedida, precisaram derrotar as for-
    ças que ainda eram simpáticas ao czar, os cha-
    mados “Brancos” – os Bolcheviques eram os


NA GUERRA DA CRIMEIA,


A RÚSSIA GARANTIU


E AUMENTOU SUA


INFLUÊNCIA NO LESTE


EUROPEU E NOS BALCÃS


RÚSSIA


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