58 Deus é Soberano
será salva, quer queira, quer não, quer creia, quer não. Em
trecho algum as Escrituras apresentam desse modo a situação.
O mesmo Deus que predestinou o fim, também indicou os
meios; o mesmo Deus que “escolheu... para a salvação”,
decretou que o seu propósito seja concretizado através da
obra do Espírito e da fé na Verdade. Terceiro, que Deus nos
escolheu para a salvação, é motivo de fervoroso louvor de
nossa parte. Note quão enfaticamente o apóstolo exprime essa
verdade — “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus
por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos
escolheu desde o princípio para a salvação”. Ao invés de
recuar horrorizado, perante a doutrina da predestinação, o
crente, percebendo que se trata de uma verdade revelada na
Palavra, descobre motivos para gratidão e ação de graças,
que não poderia encontrar em nada mais exceto no inefável
dom do próprio Redentor.
“Que nos salvou e nos chamou com santa vocação;
não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria
determinação e graça, que nos foi dada em Cristo Jesus antes
dos tempos eternos” (2 Tm 1.9). Como a linguagem das
Escrituras Sagradas é clara e precisa! É o homem que, com
suas palavras, escurece os desígnios de Deus (Jó 38.2). É
impossível expressar o fato com clareza ou vigor maiores do
que em tais textos. Nossa salvação não é “segundo as nossas
obras”; em outras palavras, não é devido a qualquer coisa
que haja em nós, não é a recompensa de qualquer coisa que
tenhamos praticado; pelo contrário, resulta da “própria
determinação e graça” de Deus; e essa graça nos foi concedida
em Cristo antes que houvesse mundo. É pela graça que somos
salvos, e, no propósito de Deus, essa graça nos foi concedida
não somente antes de termos visto a luz, não somente antes
da queda de Adão, mas até antes daquele longínquo “princípio”
mencionado em Gênesis 1.1. É nisso que reside a inefável
consolação do povo de Deus. Se a escolha divina foi
determinada desde a eternidade, perdurará por toda a
eternidade!