JornalValor--- Página 3 da edição"01/04/20201a CADA" ---- Impressa por ccassianoàs 31/03/2020@21:33:1 3
Quarta-feira, 1 de abrilde 2020 |Valor|A
Brasil
IMPACTOSDO
CORONAVÍRUS
ConjunturaReajustemédiode4%passadeabrilparajunho;indústrianegatersidoouvidaevarejoapoiadecisão
Governo adia alta nos medicamentos
Adriana Mattose
AnaPaulaMachado
De São Paulo
O presidente Jair Bolsonaroin-
formou, por meiode redessociais,
o adiamentode reajustede todos
osmedicamentospor60dias,após
“comumacordo comaindústria
farmacêutica”. Comisso, novas ta-
belasdepreços que seriamaplica-
das já a partir de hoje foram pos-
tergadaspara junho.Oreajuste
médio, já definido há algumasse-
manas,seráde4,08%.
A decisão foi tomada apósdi-
vergências entre ministérios sobre
oassunto, enum ambiente tam-
bém de discordâncias entre fabri-cantesevarejistas,apurouoValor.
Questionado sobreoassunto, o
SindicatodaIndústriadeProdutos
Farmacêuticos (Sindusfarma) dis-
se que a entidade não foiconsulta-
da.OValorapurouqueaindústria
jáhaviaalertadoogovernosobrea
necessidade do reajuste nos medi-
camentospor causa de pressões
nosseuscustoscomaaltadodólar,
emreuniãodemarçoentreempre-
sários eBolsonaro. Já varejistas do
setordefarmácias, na mesma reu-
nião,se posicionaramcontra os
aumentosnestemomento.
Anualmente, em março, aCâ-
marade Regulação de Mercado de
Medicamentos da Anvisa (CMED)
oficializa oreajuste que vigora em
abril.Atéofimdasemanapassada,
redeseindústriastinhaminforma-
ção da CMEDque só não seria apli-
cadoo reajuste em medicamentos
ligadosàcovid-19, etodosjátra-
balhavamcomessaexpectativa.
Mas o risco de que um aumento
generalizado afetassea imagem
do governo nummomento de cri-
sefezogovernoreveraposiçãoini-
cial,dizumafonte.
Os ministérios da Economia, da
Saúde eda Justiça defendiam o re-
passeimediato atodos os itens,
menosaosligadosàcovid-19.Aex-
pectativa era anunciar a decisãoaté,nomáximo,asexta-feiradase-
manapassada, para dar alguma
previsibilidadeaosetor.
MenaBarreto, daAbrafarma, dizqueadiamentoera necessário peloatualmomento decrise e sinaliza “solidariedade”
SILVIA COSTANTI/VALORCom maior demanda, luz amarelaacendeu no SUS,diz analista
LeilaSouzaLima
De São Paulo
Relatos de profissionais de saú-
de já dão conta de falhas no aten-
dimento em postos e hospitais,
tanto no setor público quantopri-
vado, no enfrentamentoao coro-
navírus.Issovai desdeadificulda-
de de acesso da população aservi-
ços de atençãoprimária,passando
por emergências, até oadiamento
de cirurgias eletivas. Maséalgoin-
sipiente e não muito distantede
realidades já enfrentadas em algu-
masregiõesmaisprecáriasdopaís
antesda pandemia, diz Adriano
Massuda, professor da Fundação
Getulio Vargas (FGV) epesquisa-
dor visitante no Departamento de
SaúdeGlobal ePopulações da Es-
coladeSaúdePúblicadeHarvard.
Apesardisso, alertaele, afragi-
lidadena coordenação assisten-
cial no SUS em algumaslocalida-
des deve ser vista comosinal
amarelo por gestoresepelo pró-
prioMinistériodaSaúde.
“A resposta àpandemia no Bra-
sil dependeráda manutenção de
medidas mitigatórias, da anteci-
pação aos seusmomentosmais
críticos eda velocidadena reorga-
nização da rede assistencialpara
atenderpacientes infectadospelo
coronavírus”, diz osanitarista. Ele
tem conversas frequentes com co-
legas em países mais atingidos pe-
la pandemia para coletar informa-
ções,comoItália eEspanha, ecom
profissionais brasileiros,de quem
tem escutado queixas sobre difi-
culdade para atendimentode ou-
trasemergências que nãosão de
pacientesinfectadosporcovid-19.
“Quem não tem covid-19 já não
estáconseguindo acessar serviços
em algumascidades. Soube de
duas maternidades no Paranáque
foramfechadasparacasosdecoro-
navírus,easgestantestiveramdifi-
culdadeparaseratendidas”,conta.
Osanitarista pondera,contudo,
que é precisouma reorganização
assistencial nestemomentode cri-
se, mas isso precisaser bem coor-
denadoec omunicado àpopula-
ção paranão promover desassis-
tência eaumentar aindamaiso
problemade saúde pública. Essa
situação não é exclusiva do Brasil.
Em muitos países,os atendimen-
tos mais básicosestão sendo feitos
por telefone, para minimizar aten-
dimentospresenciais,contaele.
Segundo Massuda, asobrecarga
aindanão éum grande problema
nachamada“primeirafasedapan-
demia” no Brasil. Mas podevir a se
tornar em função das fragilidades
inter-regiõesedentrodaspróprias
regiões, devido ao modelo brasi-
leiro de gestão descentralizada.
Dessaforma, oêxito nas respostas
regionais depende de decisões lo-
cais acertadas em aumentara resi-
liênciadosistema.
“As informações disponíveis
nãoindicam sinaisde colapso,po-
rém isso pode mudar a qualquer
momento. O crescimento da de-
mandaéum processo que não
ocorre de uma horapara a outra”,
diz o especialista. “Verifica-seum
esforçoimportante paraamplia-
ção de leitos hospitalares. Mas,
além da ampliação da estrutura,é
importante ter capacidade de ges-
tão para uso eficaz dos recursos
queestãodisponíveis.”
MasnosúltimosdiasaCasaCivil
passou adefender posição contrá-
ria —não reajustar nenhum medi-
camento neste momento, pela
sensibilidade do tema, diz uma se-
gundafonteconsultada.
Durantetoda atarde de ontem
haviaexpectativadepublicaçãode
medidaprovisória sobre otema.
No fim do dia,oValorapurou que
o adiamentopoderia ser de até
180 dias.“No fim, achamos um
meio-termo, nãotão ruimaos fa-
bricantesouàsfarmácias”,dizfon-
tequeparticipoudasnegociações.
OSindicato da Indústria de Pro-
dutosFarmacêuticos (Sindusfar-
ma) disseque, diferentementedo
que sinalizou ogoverno, não foi
consultado sobre oadiamento. Se-
gundoo presidente do Sindusfar-
ma, Nelson Mussolini,ainda não
há informação se essa medida será
tomadapormeiodeMPounão.
Opreço dos medicamentosé
controlado há cercade 15 anos eo
reajusteéanual.Navisãodosfabri-
cantes, o reajustemédio repassou
uma parcela da valorização do dó-
lar,decercade30%desdejaneiro.
Antes mesmoda decisão final,
algumas varejistas, como Raia
Drogasil eDrogaria Venânciojá
haviamtomado adecisãode sus-
pender o aumento nos preços. A
Abrafarma,que reúneas redes de
drogarias, consideraacertada a
decisão do governo de adiaros
reajustes pelo momentoatual de
crise econômica. “Nossoapoioé
integral àdecisão do governo,
desde oinício das negociações,
das quais participamosativamen-
te. O reajuste élegítimo e devido,
pois repõe perdas ecustosdo se-
tor produtivo. Porém, o momento
é de solidariedade ecolaboração”,
disse Sergio MenaBarreto, presi-
dente da Abrafarma.
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