Bernadete, desde o início, era a primeira a chegar e a úl ma a deixar o local.
Passava todo o dia rastejando com as crianças. Limpava o chão. Cortava a grama.
Seu trabalho só foi interrompido no fa dico final do ano de 1997. Charlo e
estava na quarta série primária, a úl ma que viria a concluir. Durante todo o ano
le vo os professores observaram uma mudança no comportamento da aluna. Ela
sen a-se cansada, chegava a dormir sobre a carteira, não conseguia evitar o sono
em plena aula.
Meses depois a situação se agravou. No rosto da menina surgiram erupções
que, na medida em que o tempo passava, aumentavam de volume. A pele
rasgava-se. A mãe desesperava-se. Os exames feitos nos hospitais da região
apontavam um quadro de anemia. Mais fraqueza. Menos paciência.
Em São Paulo o diagnós co foi fatal: leucemia. Novamente um prazo de vida
para Charlo e. Seriam apenas mais três meses.
O verão começava doloroso para a família Bork. Todos se preparavam para
passar o úl mo Natal na companhia da menina. Os presentes foram abertos entre
muitas lágrimas de saudade antecipada. Não era dia de festa.
O estágio da doença estava bastante avançado quando ela foi descoberta,
não haveria mais chances de cura. Se diagnos cada no início, a leucemia
(aumento de glóbulos brancos do sangue), que ocorre em cerca de 10 % das
pessoas com síndrome de Down, é totalmente curável. Mas, nesse caso, o tempo
havia sido o grande vilão.
O tratamento de quimioterapia e o transplante de medula óssea foram
sugeridos pelos médicos de São Paulo, embora o resultado, nesse caso, fosse
inú l. A imunidade de Charlo e estava muito comprome da, não havia mais nada
para se fazer.
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(Casulo21 Produções)
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