Subi os degraus que levam à sala principal da Escola e foi como uma volta
ao passado: lá estavam o branqueador, os colchonetes, o piso de madeira. E lá
estava Bernadete, sentada no chão com duas professoras fazendo a padronização
numa criança.
Atualmente são 38 alunos que passam meio período do dia naquele local
que abriga suas histórias, e ali fazem História. A ins tuição comemorou 25 anos
de fundação em 2015 e tem como orgulho ter habilitado alunos para o mercado
de trabalho e para a vida social e familiar. “Muitos estão casados, trabalhando.
Tivemos um aluno au sta que hoje é escritor, radialista, palestrante. Se formou e
fez mestrado”, relata Bernadete.
Ela se refere a Marcos Petry, que veio à Escola trazido pela família que vive
em Vidal Ramos, para aprender o método de reorganização neurológica, quando
nha pouco mais de um ano de idade. O menino nasceu com uma lesão cerebral e
aos 7 anos foi diagnos cado como au sta. Hoje, aos 24 , o jovem fala inglês,
alemão e espanhol, toca guitarra, violão e teclado e mantém um canal do YouTube
chamado “Diário de um au sta”, em que aborda assuntos relacionados ao tema e
responde ques onamentos aos seus quase 40 mil inscritos. Graças a agilidade da
Internet, encontrei seu perfil no Facebook e descobri que sua mãe tem o mesmo
sobrenome da minha.
Aliás, essas coincidências foram frequentes em torno do livro Charlo e. No
dia do lançamento, Bernadete e minha mãe, que tem o mesmo nome, se
reconheceram, lembraram de suas infâncias passadas na mesma rua, quando
brincavam de pé no chão. Também no perfil de Marcos achei uma amiga em
comum, Giselle Zambiazzi, ex-colega de jornalismo, que acompanhou de muito
perto meu trabalho e, por isso, foi citada nos agradecimentos da versão impressa
de 2003. Anos depois, Giselle descobriu-se mãe de um au sta e tal como
Bernadete botou as garras para fora em busca de compreensão, direitos e
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(Casulo21 Produções)
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