teriam muita sorte e fartura. Como naquela época não existia ninguém na ilha
que soubesse fazer tendas e nem material apropriado para isso, todo o povo
aguardava com ansiedade o cumprimento da profecia.
Assim, ao verem Fátima, os soldados perguntaram se ela poderia ir até
o palácio, falar com o Imperador.
Chegando lá, o Imperador lhe perguntou:
**- Moça, você seria capaz de construir uma tenda?
- Acho que sim – respondeu a moça.
Pediu apenas alguns instrumentos de trabalho: uma roca de fiar, um
tear e utensílios para trabalhar com madeira. Colheu linho e com a roca de fiar
fez fios bem grossos, como cordas, para segurar a tenda. Depois, utilizando um
grande tear, fabricou um tecido bonito e resistente. Finalmente, com os
instrumentos para trabalhar a madeira, fez estacas firmes, como os mastros
para navios. Assim, com cordas, tecidos e estacas, Fátima construiu uma bela
tenda para o Imperador.
Ele ficou tão satisfeito, pois a profecia tinha se cumprido, que ofereceu
a Fátima o que ela quisesse como pagamento. Fátima pediu para ficar
morando naquele lugar. O Imperador lhe deu uma casa, onde havia uma roca
de fiar, um tear e instrumentos para trabalhar com madeira. Assim, Fátima
poderia trabalhar com qualquer um dos ofícios que tinha aprendido.
Algum tempo depois, Fátima conheceu um jovem bonito, trabalhador
e honesto. Eles se apaixonaram e se casaram. Tiveram muitos filhos e depois
muitos netos. E cada vez que Fátima reunia sua família para contar histórias,
acabava contando também a sua própria história de vida. Cheia de momentos
tristes e tragédias, mas também cheia de recomeços e esperança. Fátima
sempre repetia as palavras de seu sábio pai: “No verão a árvore é radiante, no
outono perde suas cores. Depois de um inverno congelante, a primavera traz
novas flores”**
Esta é uma história sobre aprendizados. Por isso, resolvi trazer no final dela
a figura do pai de Fátima em forma de lembrança. Ela simboliza a voz da sabedoria
e faz um fechamento do ciclo tanto da busca da personagem pela felicidade quanto
do conto. Achei pertinente que houvesse uma fala, em forma de provérbio, que fosse
também metafórica de toda a saga vivida pela moça e que desse a ideia do que a