O moço nem pensou duas vezes. Disse que não queria as moedas. Sem
sombra de medo arrancou seus próprios dentes e os colocou na boca do cavalo
de pedra, que imediatamente ganhou vida e comeu os frutos do arbusto. Então
o rapaz montou no cavalo e os dois partiram. Chegaram num lugar
extremamente quente. Chamas e labaredas quase tocavam a sua pele. Mas o
filho mais novo estava tão determinado em buscar o brocado de sua mãe que,
cheio de coragem, atravessou o Vale do Fogo. Chegaram então num lugar
congelante. Era o Vale do Gelo. Mas ele não tremeu, nem de frio, nem de medo,
tamanha era a sua vontade de resgatar o trabalho de sua mãe e voltar a vê-la
sorrir. Depois, o moço encontrou uma montanha muito alta.
Lá em cima, num palácio de cristal, numa sala muito grande, estava
estendido no alto da parede, o brocado maravilhoso. Embaixo, num grande
tear, as fadas se revezavam no trabalho. Elas disseram que nunca tinham visto
obra mais bonita e pegaram o brocado para tentar copiar o desenho. Pediram
apenas mais uma noite para finalizar. O moço jantou e dormiu no palácio e, na
manhã seguinte, as fadas lhe entregaram o brocado. O moço dobrou o tecido e
com ele embaixo do braço, partiu sobre o cavalo.
Porém, o caminho de volta era tão perigoso quanto o da ida. Teria que
ultrapassar o Vale do Gelo e o Vale do Fogo. Mas ele estava tão feliz, tão
satisfeito de estar com o brocado de sua mãe, que nada o abalou. Passou pelo
lugar mais gelado que já tinha estado e pelo local mais quente que havia em
toda a face da Terra. Chegou na porta da caverna.
Ele agradeceu à velhinha pela ajuda. Ela então tirou os dentes da boca
do cavalo e os recolocou na boca de seu legítimo dono, petrificando novamente
o animal.
O rapaz voltou para casa. Ao lado da cama da mãe, estendeu o brocado.
A mulher quando viu seu trabalho, logo recobrou as forças, sorriu, levantou
da cama. Ela e o filho foram até o lado de fora da casa para admirar o brocado
sob a luz do sol.
Outro vento soprou e levou para os ares novamente o brocado
maravilhoso. Mãe e filho ficam atônitos, achando que mais uma vez perderiam
o tecido. Mas, dessa vez, ele ficou pairando e depois começou a descer. E foi aí
que algo incrível aconteceu: à medida em que o brocado ia descendo, cada coisa
que tocava era transformada. Uma árvore seca e retorcida passou a ser verde
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(Casulo21 Produções)
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