Do chão brota sua vontade de cultivar saberes. Como a camada que recobre a superfície do planeta,
sua trajetória é formada por matérias diversas.
A cidade onde mora atualmente, em Minas Gerais, sugere o exercício do preparo da terra para a
semeadura. Entre a pequena Lavras (MG) e a paisagem entre mar e montanha do Rio de Janeiro, onde
nasceu e fez sua graduação, a engenheira agrônoma pisou em muitos solos.
No Norte do Brasil fez seu mestrado em Ciências Biológicas com concentração em Botânica pelo
convênio entre Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e Fundação Universidade do Amazonas
(FUA). Depois, o doutorado em Ciência do Solo na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
levou-a para a Bélgica, na Ghent University, onde fez uma parte do curso. Outros solos foram conhecidos por
conta da realização de três pós-doutorados em Biologia Molecular: México, Inglaterra e Estados Unidos.
Professora e coordenadora do Departamento de Ciência do Solo da Universidade Federal de Lavras
(UFLA), membro titular da Academia Brasileira de Ciências, presidiu a Sociedade Brasileira de Ciência do
Solo (SBCS), representando-a em várias regiões brasileiras. Realizando estágios, cursos e pesquisas, esteve
ainda nas terras do Senegal, da Venezuela, da Áustria, do Quênia, entre dezenas de outras.
A cientista que descobriu novas simbioses e novas espécies bacterianas foi incluída entre os 2%
melhores cientistas do mundo com relação à sua produção em toda a carreira (PLOS Biology, 2020) e na
lista dos Latin America Top 10.000 Scientists (AD Scientific Index 2021).
O caminho muitas vezes pedregoso foi feito com a leveza de quem gosta de apreciar as diversidades
humana e da paisagem, onde vivem os microrganismos de tantos solos.
Fatima Maria de Souza Moreira