A menina sentiu-se em casa naquele ambiente. Havia um
fogão e, sobre ele, penduradas, muitas ervas amarradas
em ramos, panelas, colheres de pau e sacos de pano com
sementes dentro. Muitos livros em estantes de madeira
forravam as paredes. Ela olhava tudo aquilo e as perguntas
inevitavelmente pulavam. Tinha tanto a aprender. Tinha
tanto a querer saber que achava que nem cabia em si,
tamanho arrebatamento.
Passaram horas a desfiar questões as mais diversas. Porém,
a mulher não lhe deu respostas. Indicou possibilidades de
descobertas, apontou métodos, falou sobre observação,
equilíbrio e escolhas, enquanto trançava seu cabelo.
A menina voltou para casa com uma alegria imensa,
balançando a trança no ar. Sabia que queria mais.
Foram inúmeras visitas diárias à cabana no meio do mato e
ao conhecimento que nela morava. Com o passar do tempo
apareceram contornos no corpo, cor nos lábios e ainda
mais perguntas. Foi aprendendo a ordená-las, entendê-
las e juntar as peças dessa grande colcha de retalhos que
conquistava grandeza em suas mãos.