[UP!] Adega - Mai19

(Pinheirojpa55) #1

Edição 163 >> ADEGA 83


U

m vinhedo pouco chamativo
de pouco mais de um hecta-
re, vigiado por um pinheiro,
adornado por uma casa sin-
gela (certamente não um

château). Isso foi Le Pin desde 1924 até 1978


nas mãos da família Loubie, que vendia a uva


lá produzida para outros produtores fazerem vi-


nhos genéricos da denominação Pomerol. Em


1979, Madame Loubie decidiu vender a pro-


priedade para os belgas da família Thienpont,


donos do Vieux Château Certan, não muito


distante dali, também no vilarejo de Catusseau.


Hoje, Le Pin, considerado um dos pioneiros do


movimento dos vinhos de garagem, é um dos


bordaleses mais cultuados do planeta, com va-


lores estratosféricos.


Esse prestígio deve-se a uma série de fato-

res curiosos. Até 1978, Le Pin sequer era um


vinho. Quando os Thienpont se interessaram


pela compra do vinhedo, a primeira ideia era


acrescentar essas vinhas às do Vieux Château


Certan. Devido ao preço elevado da proprieda-


de, a família desistiu e somente Jacques Thien-


pont (que acreditava que havia algo de especial


no local e podia gerenciá-lo sozinho devido ao


tamanho diminuto) assumiu o negócio.


A primeira safra de Jacques, em 1979, foi

complicada. Os vinhedos estavam em estado


lastimável e precisavam ser replantados. Ele


tinha dinheiro para comprar apenas um tonel


de aço inoxidável e poucas barricas de carvalho


francês. Graças a essa falta de recursos, ele –


sem querer – criou uma tendência que futura-


mente seria imitada por muitos: fazer a fermen-


tação malolática em barricas. “Não tinha outro


lugar para colocar os vinhos”, explica.


Com produção baixa e artesanal (daí ele ser

considerado juntamente com Jean-Luc Thune-


vin, do Château Valandraud, um dos primeiros


garagistas), o vinho foi vendido a preços irrisó-


rios, muito aquém do que se pagava pelos do


Vieux Château Certan. Sua sorte, contudo,


começou a mudar em 1982, ano em que o crí-


tico norte-americano Robert Parker despontou


no cenário mundial ao afirmar que aquela sa-


fra era excepcional. Entre os vinhos que Parker


exaltou estava o também desconhecido Le Pin.


Alexandre James

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