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H2 Especial SÁBADO, 11 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
SONIA RACY
DIRETO DA FONTE
Caderno 2
Colaboração
Cecília Ramos [email protected]
Marcela Paes [email protected]
Sofia Patsch [email protected]
VERDADE PARA
VER EM CASA
RESPONSABILIDADE
SOCIAL
Até dia 19, festival de documentários coloca à disposição
do público filmes de sucesso das edições passadas
É TUDO
lAlém dos R$ 25 milhões ini-
ciais, a XP vai doar outros R$ 5
milhões para ações do Juntos
Transformamos – voltadas para
a contenção da covid-19.
lEm 15 dias, mais de 10 mil exe-
cutivos buscaram atividades onli-
ne da Amcham Brasil. A entida-
de lançou novo APP revendo ma-
neiras de fazer networking. “O
empresário brasileiro sairá mo-
derno desta crise”, explica a
CEO Deborah Vieitas.
lA Petrobrás Sinfônica vem
realizando ações consecutivas
para entreter e estar próxima
de seu público no período de
isolamento. Dia 13, ela lança o
concurso de Arte e Caricatura.
As inscrições serão online.
Nos is
Henrique Meirelles decla-
rou à BBC que era preciso
“imprimir dinheiro” para en-
frentar a crise do coronaví-
rus. O responsável por en-
frentar, no BC, a crise de
2008, aprofunda na coluna o
que quis dizer: “A queda na
atividade econômica abre es-
paço para um afrouxamento
monetário”, o que, em regi-
me de metas de inflação,
“equivale a reduzir os juros e
também aumentar a liquidez
da economia, permitindo
que consumidores, empre-
sas, estados e municípios
mantenham-se ativos”.
Neste contexto, há necessida-
de de ‘ação mais vigorosa’ no
Brasil. “Com a recessão gerada
pela crise, a inflação não é um
problema no momento, o pro-
blema é a recessão”.
Blindagem
Quem entra no prédio da
Fiesp hoje passa por triagem
rigorosa. Primeiro, enfrenta
teste de temperatura; de-
pois, um longo questionário
feito por uma enfermeira.
Paulo Skaf já fez o teste para
Covid-19 duas vezes. Uma de-
pois de encontro com Fabio
Wajngarten – secretário de
Bolsonaro contaminado – e
outra, assim que seu motoris-
ta pegou a doença. Negativou.
Blindagem 2
Estão sendo reformados, no
Senai, respiradores quebra-
dos – força-tarefa com mon-
tadoras. A entidade também
produz álcool gel – 700 mil
frascos serão distribuídos pa-
ra comunidades carentes.
Matemática...
Mesmo nesse cenário de
caos, a Caixa não parou sua
costura de joint ventures que
estão sendo montadas para
as subsidiárias Caixa Seguri-
dade e Caixa Cartões. “Deve-
mos anunciar parcerias em
duas semanas”, conta Pedro
Guimarães, conforme adian-
tado ontem pela coluna no
Estadão/Broadcast.
Elas são as chaves para IPOs
também em curso.
...com inclusão
Essa gestão, segundo o presi-
dente da Caixa, se mostra
comprometida tanto com a
população quanto com a ma-
temática, atuando forte na
bancarizão de pessoas mais
humildes. “Devemos chegar
ao fim de junho com 40 mi-
lhões de novas contas digi-
tais”, estima Guimarães. “Is-
so terá impacto na saúde tam-
bém, reduzindo a ida dessas
pessoas às agências”.
Esse número é calculado em
cima dos três benefícios
emergenciais do governo fe-
deral, entre eles, o de R$ 600.
Luiz Carlos Merten
Programado para o período en-
tre 26 de março e 5 de abril, o 25.º
Festival Internacional de Docu-
mentários É Tudo Verdade foi
adiado e agora deve ocorrer de 24
de setembro a 4 de outubro, ou
seja, quando a primavera, em to-
dos os sentidos, chegar. Em tem-
pos de pandemia, quando aglo-
merações são indesejáveis (e
proibidas), a norma é fazer valer
o isolamento. Pensando nisso, o
criador do evento, Amir Labaki,
abriu uma janela online, em par-
ceria com o site do Itaú Cultural.
Numa primeira etapa, foram
liberados clássicos da história
do É Tudo Verdade, além das
séries inéditas de Chris Marker e
Mark Cousins, A Herança da Co-
ruja e Women Make Film. Na se-
gunda, iniciada ontem, estão vol-
tando filmes que já estiveram dis-
poníveis de 26 a 5 e que integram
duas mostras, A Experiência Ci-
nematográfica e Retrospectiva –
Os Primeiros Premiados.
Amir Labaki comemora. “Li-
beramos dois dos 13 episódios
da série de Chris Marker, em
que ele discute, com mais de 50
convidados e por meio de 13 pa-
lavras incorporadas ao vocabu-
lário moderno, o legado cultu-
ral e político da Grécia Antiga”,
conta. As 1.000 visualizações fo-
ram atingidas rapidamente.
“Na série do Cousins, narrada
por Tilda Swinton e Jane Fon-
da, entre outras, o foco é a con-
tribuição das mulheres ao de-
senvolvimento do cinema. Lo-
go no primeiro episódio tive-
mos 214 visionamentos, o que
equivale a uma sala cheia.”
O sucesso não se restringiu às
grandes atrações internacionais.
Banana Is My Business, de Helena
Solberg, sobre Carmem Miran-
da, ganhou grande visibilidade
online. “Havia uma geração que
não conhecia o filme, que inte-
grou a seleção da primeira edi-
ção do É Tudo Verdade, em 1996.
Tudo isso demonstra a riqueza
da cultura do documentário, que
o festival, ao longo de sua histó-
ria, sedimentou no País.”
Labaki conta que tem mantido
o distanciamento social. “Saio
em torno de meia hora, a cada
três dias, para tomar sol e resol-
ver problemas na farmácia e na
mercearia. O restante do tempo
fico em casa. Trabalhando, plane-
jamento, acompanhando o su-
cesso do festival online e, claro,
vendo e revendo filmes. Tem si-
do muito bom rever. Tenho feito
grandes redescobertas.”
O público, também. Na série
sobre a experiência cinemato-
gráfica, alguns títulos liberados
na primeira etapa alcançaram
grande repercussão. O Homem
da Cabine, de Cristiano Burlan,
de 2008, resgata uma figura um
tanto negligenciada nesses tem-
pos de novas tecnologias (e strea-
ming), mas que foi fundamental
na era do celuloide, o projecionis-
ta. Quando as Luzes das Cabines Se
Apagam, de Renato Brandão, de
2018, é sobre as salas que compu-
nham a Cinelândia paulista, no
Centro de São Paulo, e que entra-
ram em decadência, viraram por-
nôs ou templos evangélicos.
Outro resgate é o dos primei-
ros premiados do É Tudo Verda-
de, com quatro títulos. Nós Que
Aqui Estamos por Vós Esperamos,
de Marcelo Masagão, de 1999,
provocou polêmica no lança-
mento. Não seria, e não é mes-
mo, um documentário tradicio-
nal, mas um filme nas bordas,
uma investigação sobre a lingua-
gem e o tema da morte, a partir
da inscrição que o diretor encon-
trou na porta de um cemitério.
A Negação do Brasil, de Joel Zi-
to Araújo, surgiu como livro e
virou filme em 2000. Com base
na própria experiência como te-
lespectador, e em muita pesqui-
sa, o autor viaja pela história da
telenovela brasileira para expor
o papel discriminatório reserva-
do a atores e atrizes negros, des-
sa forma expondo o racismo da
sociedade. Milton Gonçalves, a
lendária Ruth de Souza, Léa Gar-
cia e Zezé Motta dão depoimen-
tos fortes e emocionantes.
Rocha Que Voa, de 2002, é o tri-
buto de Eryk Rocha a seu pai,
Glauber, com base no período
em que ele esteve exilado em Cu-
ba (1971/72). Longe de ser uma
biografia, mas com elementos
biográficos, propõe uma discus-
são sobre o papel da arte (e do
cinema) na revolução social e po-
lítica da América Latina e do Ter-
ceiro Mundo. A Pessoa É para o
Que Nasce, de Roberto Berliner,
de 2004, nasceu como curta. Con-
ta a história de três irmãs cegas
que passaram a vida cantando e
tocando ganzá em feiras do Nor-
deste. A segunda etapa do É Tudo
Verdade fica online até dia 19, ou
até o limite de visionamento de
filmes que foram renegociados.
ALEX SILVA/ESTADÃO
POLAROID
Antônio Fagundes leu esse texto e
postou nas redes sociais: “E as
pessoas ficaram em casa. E leram
livros, e ouviram música, e
descansaram, e fizeram exercícios, e
fizeram arte, e jogaram, e aprenderam
novas maneiras de ser. E pararam. E
ouviram mais profundo. Alguém
meditou. Alguém rezava. Alguém
dançava. Alguém conheceu a sua
própria sombra. E as pessoas
começaram a pensar de forma
diferente. E as pessoas curaram. E na
ausência de gente que vivia de maneira
ignorante, perigosos, sem sentido e
sem coração, até a Terra começou a
curar. E quando o perigo acabou e as
pessoas se encontraram, eles ficaram
tristes pelos mortos, e fizeram novas
escolhas, e sonharam com novas
visões, e criaram novas maneiras de
viver e curaram completamente a
Terra, assim como eles estavam
curados”. O ator explica: o poema se
chama “Curar”, é de Kitty O’ Meara e foi
escrito em 1969. Nada mais atual...
Blog: estadão.com.br/diretodafonte Facebook: facebook.com/SoniaRacyEstadao Instagram: @colunadiretodafonte
Destaque. Entre as opções, ‘A Pessoa É Para o Que Nasce’, que conta a história de três irmãs cegas cantoras
“Saio em torno de meia
hora, a cada três dias. O
restante do tempo fico
em casa. Trabalhando,
planejamento, vendo e
revendo filmes. Tenho feito
grandes redescobertas.”
Amir Labaki
CRIADOR DO FESTIVAL É TUDO VERDADE
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO
lNova rotina
É TUDO VERDADE