%HermesFileInfo:B-1:20200413:B1 SEGUNDA-FEIRA, 13 DE ABRIL DE 2020 INCLUI CLASSIFICADOS O ESTADO DE S. PAULO
E&N
ECONOMIA & NEGÓCIOS
Opep+ anuncia corte
recorde na produção
Idiana Tomazelli / BRASÍLIA
A atividade econômica deve
encolher 5% no País em 2020
devido aos impactos da crise
provocada pela pandemia do
novo coronavírus, estima o
Banco Mundial. Se confirma-
da a projeção, será a maior re-
cessão que o Brasil enfrenta-
rá em 120 anos. Segundo da-
dos do IBGE, não há registro
de queda tão expressiva des-
de o início da série, em 1901.
Até hoje, o maior tombo na
economia ocorreu em 1990,
quando houve retração de
4,35% – foi o ano do Plano Col-
lor I e do confisco do dinheiro
que os brasileiros tinham em
suas contas. A segunda maior
queda já registrada foi em 1981,
quando o PIB caiu 4,25% na es-
teira da crise da dívida externa
brasileira ( veja quadro ao lado ).
Entre os países da América La-
tina e do Caribe, o Brasil só não
deve ter desempenho pior do
que México (-6%), Equador
(-6%) e Argentina (-5,2%). Paí-
ses do Caribe sofrerão um ba-
que devido aos impactos da pan-
demia sobre o turismo, uma fon-
te importante de renda nesses
locais. O conjunto da região de-
ve ter uma contração de 4,6%
neste ano, segundo o Banco.
O economista-chefe do Ban-
co Mundial para a região, Mar-
tin Rama, explicou que a pande-
mia impôs um “choque triplo”
às economias latino-america-
nas. O primeiro deles ocorreu
na demanda, com famílias com-
prando menos bens e serviços e
grandes países como China de-
mandando menos commodi-
ties. O segundo teve repercus-
sões financeiras, com fuga de ca-
pitais estrangeiros maior até do
que o observado na crise de
2008 e 2009. O último choque é
de oferta, com as pessoas impe-
didas de sair para trabalhar.
“Operamos com um grau
enorme de incerteza”, afirmou
Rama, ressaltando que os núme-
ros são indicativos e podem ser
revistos conforme a evolução
da pandemia. Apesar da quedabrutal, a expectativa do Banco é
que haja espaço para uma reto-
mada gradual em 2021, com alta
de 1,5% no PIB brasileiro.Reação. Para o enfrentamento
da crise, o Banco Mundial ressal-
tou a importância de os países
ampliarem programas sociais e
de transferência de renda. O ob-
jetivo, segundo a instituição,
precisa ser abarcar o maior nú-
mero possível de trabalhadores
que perderão sua fonte de ren-
da devido à paralisação das ativi-
dades decorrente do isolamen-to social recomendado por auto-
ridades de saúde.
No Brasil, o governo tem prio-
rizado iniciativas temporárias,
como o auxílio emergencial de
R$ 600 a trabalhadores infor-
mais. Para Rama, ações tempo-
rárias vão na direção correta e
podem ser prorrogadas em ca-
so de necessidade.
Segundo o economista, um
dos maiores desafios da região
é o fato de que os índices de in-
formalidade na América Latina
são maiores do que em países
desenvolvidos. “O sistema deseguro-desemprego não cobre
todo mundo”, disse.
O Banco Mundial também re-
comendou medidas para dar su-
porte direto a empresas que sãograndes empregadoras para evi-
tar demissões em massa, sem
desassistir às pequenas e mé-
dias. Ele reconheceu, porém,
que países com dívida elevada e
déficit fiscal podem ter um espa-
ço mais limitado para agir.
Ao comentar as limitações fis-
cais, Rama não citou nenhum
país específico. O Brasil, po-
rém, caminhava para ter em
2020 o sétimo ano seguido de
rombo nas contas. A dívida bru-
ta está em 76,5% do PIB (dados
de janeiro), nível considerado
alto para países emergentes.http://www.sodresantoro.com.br
Em cumprimento à legislação vigente e preocupados com asaúde de todos, os leilões estão sendo realizados somente online,sem visitação pública, a fim de evitar aglomerações.E COM DELIVERY DOS ARREMATES, EM CIDADES NUM RAIO DE ATÉ 100 KM DOPÁTIO ONDE O VEÍCULO ESTIVER, AO CUSTO OBRIGATÓRIO DE R$ 500,00 PARAVEÍCULOS LEVES E R$ 800,00 PARA UTILITÁRIOS PESADOS E CAMINHÕES.Para distâncias maiores, consulte-nos sobre a disponibilidade.A Organização dos Países Ex-
portadores de Petróleo e alia-
dos (Opep+) concordou ontem
com um corte na produção em
volume recorde para sustentar
os preços do óleo em meio à pan-
demia do novo coronavírus. O
grupo superou o impasse com o
México e definiu redução de 9,
milhões de barris por dia (bpd)
em maio e junho.
Segundo fontes, os mexica-
nos diminuirão a produção em
100 mil bpd e a Opep+ espera
que Brasil, Canadá e Estados
Unidos contribuam com um
corte de 3,7 milhões de bpd.
O pacto encerra a guerra de
preços entre Rússia e Arábia
Saudita, que derrubou as cota-
ções da commodity, em meio à
queda na demanda por conta
do coronavírus. Os países vão
continuar diminuindo gradual-
mente os freios à produção por
dois anos, até abril de 2022.
Isso se deu porque as medi-
das adotadas para conter a dis-
seminação do coronavírus des-
truíram a demanda por combus-
tível e reduziram os preços do
petróleo, pressionando os orça-
mentos dos produtores e preju-
dicando a indústria de xisto dos
Estados Unidos, que é mais vul-
nerável a preços baixos devido
aos seus custos mais altos.
O secretário-geral da Organi-
zação dos Países Exportadores
de Petróleo (Opep), Moham-
med Barkindo, classificou o
acordo de “histórico”. Ele con-
firmou que os ajustes na produ-
ção serão os maiores da histó-
ria, tanto em volume quanto
em duração. “Estamos testemu-
nhando o triunfo da coopera-
ção internacional e do multilate-
ralismo, que formam a essência
dos valores da Opep”, disse,
acrescentando que o mercado
virou uma página histórica.
Ele também destacou que o
pacto abriu caminho para uma
aliança global com participação
dos países do G-20.
Já o presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, sau-
dou a Opep+ pelo acordo. Pelo
Twitter, o republicano disse
que o pacto salvará “centenas
de empregos” no setor de ener-
gia americano. Trump também
parabenizou o presidente rus-
so, Vladimir Putin, e o rei saudi-
ta, Salman bin Abdulaziz Al
Saud. “ (Foi um) ótimo acordo
para todos”, escreveu Trump. /
ANDRÉ MARINHO, COM REUTERSPANDEMIA DO CORONAVÍRUS
Banco Mundial vê queda de 5% no PIB
do Brasil, na maior recessão em 120 anos
l Incertezasl Redução
Caixa forte e venda pela web dão fôlego a empresas na crise. Pág. B3 }
A maior retração que o País já enfrentou ocorreu em 1990, ano do Plano Collor, quando o dinheiro dos brasileiros foi confiscado de suas
contas nos bancos; instituição, porém, estima que há espaço para retomada gradual em 2021, com alta de 1,5% da atividade econômica
“Operamos com um grau
enorme de incerteza.”
“O seguro-desemprego não
cobre todo mundo.”
Martin Rama
ECONOMISTA-CHEFE DO BANCO
MUNDIAL PARA AL E CARIBE● Se PIB cair 5%, será a maior queda desde o Plano Collor I em 1990, segundo dados do IBGE - a série se inicia em 1901DESABAMENTO HISTÓRICO E CENTENÁRIO-0,-3,-1,-2,01 -2,-3,-2,-4,-2,-0,-4,-0,-0,-3,-3,0As recessões brasileiras Projeções para o PIB em 20201902-6,-6,-5,-5,-4,-4,-3,-3,-2,-2,-1,EM PORCENTAGEM EM PORCENTAGEMEquadorMéxicoArgentinaBrasilPeruAmérica Latina e CaribeBolíviaChileUruguaiColômbia(^190819141918193019311940194219811983198819901992200920152016) Paraguai
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A MAIOR DA HISTÓRIA, NA
ESTEIRA DO PLANO COLLOR I E
DO CONFISCO DO DINHEIRO
DOS BRASILEIROS
FONTES: IBGE E BANCO MUNDIAL INFOGRÁFICO/ESTADÃO
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Após impasses, países
chegam a acordo para
uma redução de
9,7 milhões de barris por
dia para sustentar preços
3,7 milhões
é quanto a Opep+ espera que
Brasil, Canadá e Estados Unidos
contribuam, em barris por dia,
no corte da produção de petróleo
por conta da crise da Covid-