matias

(Zelinux#) #1
REFLEXÕES SÔBRE A VAIDADE DOS HOMENS

por isso correm mansamente, e sem ruído, só se dei-
xam ver, e não se ouvem; finalmente uns são frios com
excesso, outros têm calor; uns servem de remédio,
outros de mal; de uns sabe-se o princípio, de outros
não; uns têm nome famoso nos anais da história, outros
apenas se conhecem. Todas estas diferenças,
encontram-se nos rios; uns pequenos, outros grandes;
uns elevados, outros abatidos. Parece que também nas
águas há fortuna e vaidade. Mas que importa, a
diferença dos lugares, não faz que as águas sejam
diferentes: que umas nasçam nos montes, e outras nos
vales; que umas venham das nuvens, e outras da terra;
que umas corram claras, e outras turvas; nada disso faz
nas águas diversidade alguma; tôdas são as mesmas na
razão de águas; o que sucede é passarem por lugares
diferentes; a natureza, o princípio, e o fim é o mesmo;
tôdas vêm do mar, e tornam para o mar; o serem as
águas muitas, de sorte que cheguem a formar um rio,
ou serem poucas, de sorte que só formem uma fonte,
não introduz nelas diferenças. Quem há de dizer que,
muitos homens juntos na razão de homens, sejam
diferentes daqueles que estão sós? O mar é o centro de
donde as águas saem, e para donde tornam ; os meatos
da terra em umas partes são estreitos, e em outras
largos; daqui vem que quando as águas chegam à
superfície do globo, sucede caírem com mais ou menos
abundância, e assim não diferem os rios das fontes,
senão no diâmetro do canal, e em êste se terminar em
algum monte, ou em algum vale; e nesta forma, de que
se desvanecem êsses rios? Será de passarem por
caminhos mais ou menos largos? De se juntarem uns
com outros, e fazerem mais volume? De encontrarem
diamantes? Ou de acharem um campo mais ou menos
dila-

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