Quem era esse parente? Quais as razões da sua escritura
literária? A partir daquele ano, não somente a mãe, a
esposa, a amiga, já reveladas, mas, também, descobre-se a
predestinada artesã das palavras.
Disse ela: "Primeiros versos escritos... Estava em compa-
nhia do primo Áureo, a quem entretinha e confortava num
momento de recuperação de sua saúde. Passei alguns dias
consigo e desse convívio brotaram as primeiras inspirações
para escrever". Sinceras e singelas justificativas de um
espírito nobre.
Recordar é viver, já disseram. A artista, sem bloqueios
que lhe prejudiquem o passeio no tempo e no espaço,
devaneia e traz de volta instantes infantis – emoção
florando em prosa e em verso e com toque crítico velado.
("Recordações da infância na terra natal... Meu peito se
enche de saudades e do sentimento pelas crianças que hoje
vejo não poderem desfrutar dos mesmos prazeres.").
"Bonita, minha Bonita./Terra lá do meu sertão/Quando de
ti me lembro,/É viva a recordação./Da infância, bem
vivida,/Das brincadeiras de rua,/Das rodinhas de ciran-
da,/Nas noites claras de lua." (...) "Crianças brincando
assim/Hoje em dia não se vê/Precisa ensaiar com elas/E
apresentar na TV". Essas duas estrofes fazem parte do
poema Minha Terra, datado de 18 de novembro de 1982.