Introdução à História da Filosofia 2 Marilena Chauí

(Zelinux#) #1
to de paixões, sem orgulho e ambição, sincero e piedoso, nobre, grande e invicto.
Ei-Io, no retrato traçado por Estobeu:

Grande, enquanto pode conseguir as coisas que escolhe e se propõe; robusto, en­
quanto se engrandeceu espiritualmente em tudo; altivo, enquanto participa da altu­
ra que compete a um homem egrégio e sábio; forte, enquanto munido da força que
lhe compete, sendo invicto e invenóvel (Estobeu, apud Reale, 1994, p. 361).

o sábio é livre porque quer o necessário, o destino, e por que basta a si mes­
mo, pois o lógos possui tudo de que necessita. Nada pode perturbá-lo e sua paz
interior é como a de Zeus. Por isso, o sábio é feliz, o único realmente feliz.

o sábio é como um promontório que permanece imóvel malgrado o furor das vagas
que vem se quebrar contra ele; experimenta uma felicidade real em tudo suportar
com coragem; aquele que não aceita os acontecimentos, que se separa do grande
todo é como uma mão ou uma cabeça cortadas, jazendo separadas do corpo (Brun,
1959, p. 105).

o sábio não é apenas cidadão de uma cidade, de uma nação ou de um impé­
rio. A teoria da simpatia universal tem como consequência a afirmação de que o
sábio é cidadão do mundo, do cosmo, a cidade de Zeus. Visto que todas as coisas
estão entrelaçadas e todos os acontecimentos, conectados, o homem nunca está
isolado, mesmo quando está sozinho.
A lei humana é expressão de uma lei universal eterna, nascida do lógos que
plasma todas as coisas. O lógos determina o bem e o mal, impõe obrigações e
proibições a tudo o que existe, institui a justiça universal. Isso significa que o direi­
to é, originariamente, direito natural de que o direito positivo ou as leis humanas
são expressão derivada. Pelo direito natural, todos os homens são iguais e livres,
concidadãos na grande cidade de Zeus.


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