Você SA - Edição 252 (2019-05)

(Antfer) #1

FOTO: ALEXANDRE BATTIBUGLI


Jordana Paiva, advogada:
o antigo chefe instalou
câmeras para vigiar os
funcionários no escritório

Apesar de a tendência ser dimi-
nuir esse tipo de liderança, ainda há
muitos gestores tóxicos, no estilo de
Miranda Priestly, no filme O Diabo
Veste Prada, ou Annalise Keating, na
série How to Get Away with Murder,
por aí. Uma das frases preferidas de
Annalise, “me ligue quando ele estra-
gar tudo”, por exemplo, mostra bem
uma das características dos chefes
tóxicos, que acham que apenas eles
são bons o suficiente para tocar os
projetos. Mas há outras. Eles são
agressivos, narcisistas e até violen-
tos. Jordana lembra que, certa vez, o
líder jogou o laptop no chão, pois não
gostou de um acordo que ela havia
feito. “A tensão era diária”, diz.
O espaço para esse tipo de chefia é
reflexo do cenário atual. Com a ins-
tabilidade econômica, algumas com-
panhias apenas buscam resultados no
curto prazo para se manter competi-
tivas, sem olhar a gestão de pessoas.
“O chefe tóxico prospera em organiza-
ções que permitem que o gestor faça
qualquer coisa para bater as metas”,
diz Rafael Souto, presidente da Pro-
dutive, consultoria de planejamento
e transição de carreira. Segundo ele,
geralmente são empresas em que o
presidente ou os acionistas têm esse
perfil e não estão preocupados com o
ambiente, mas com os números.
Apesar de estarem presentes em ne-
gócios de diferentes setores e portes,
é mais comum encontrá-los em merca-
dos tradicionais e nos segmentos mais
atingidos pela desacelaração, como
mídia e indústria automobilística. “A
crise é o motor do tóxico. Quando
a economia começa a melhorar, as
pessoas têm mais opções e saem da
companhia”, afirma Rafael.

O preço do problema
Os reflexos dessa gestão, cedo ou
tarde, chegam à empresa. O ambien-
te fica pesado e a competição ganha
força, o que começa a gerar conflitos
entre os profissionais e resulta em

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