Você SA - Edição 252 (2019-05)

(Antfer) #1

veu baixar as portas e demitir as
140 pessoas que empregava, a Glovo,
que está presente em 21 países e
anunciou captação de 115 milhões
de euros em agosto de 2018, refor-
çou que os motivos para a retirada
eram estratégicos. No comunicado
afirmou que “iria concentrar recur-
sos em outros nichos de América
Latina, Europa, Oriente Médio e
África, onde a empresa estava al-
cançando participação de mercado
significativa e gerando valor”.
A Lush foi outra que desistiu de
continuar brigando com o cenário
ingrato do país. A marca britânica
de cosméticos já havia deixado o
Brasil em 2005, retornando quase
dez anos mais tarde, em 2014. Depois
de apenas quatro anos enfrentando
prejuízos, resolveu fazer as malas
novamente. “O Brasil é um mercado
difícil para nossa operação”, disse


em seu comunicado de adeus. An-
tônio Carlos Diegues, coordenador
do Núcleo de Economia Industrial e
da Tecnologia do Instituto de Eco-
nomia da Universidade de Campinas,
lembra que essa avaliação perma-
nente das multinacionais sobre atuar
em determinados mercados é cada
vez mais comum. “Há concentração
de empresas indo para a Ásia, por
exemplo, porque lá se beneficiam de
uma escala de produção gigantesca,
crédito farto e barato, ampla rede de
fornecedores moderna e azeitada,
incentivos tributários e financeiros,
além de gastos com mão de obra me-
nores”, afirma. Sem alterações para
reduzir custos, aumentar a produ-
tividade e jogar de igual para igual
com esses países, o Brasil continua
perdendo de 7 a 1 nesse campeonato.
Não é à toa que as reformas (da
Previdência e tributária), que ainda

não ocorreram e foram promessas
fortes de campanha, são importantes
para mudar essa perspectiva. “Se não
tirarmos as amarras do ambiente de
negócios, vamos continuar perdendo
empresas importantes”, diz Altami-
ro, da Fecomercio-SP. Contudo, elas
também não podem ser enxergadas
como única solução e precisam vir
em conjunto com outras medidas.
“Só o aumento da confiança não
traz investimentos, é preciso tam-
bém uma perspectiva de retomada
de demanda, aumentando o crédito,
por exemplo”, afirma Antônio Carlos,
da Unicamp. Com a necessidade de
tantos esforços em conjunto, princi-
palmente na economia, o constante
bate-cabeça do governo de Jair Bol-
sonaro não tranquiliza. O que nos
resta é esperar que as multinacio-
nais sejam pacientes e acreditem que
tempos melhores virão.

VOCÊ S/A wMAIO DE 2019 w 47

GLOVO
NAÇÃO DE ORIGEM:
ESPANHA
QUANDO ANUNCIOU A
DECISÃO: MARÇO DE 2019
EXPLICAÇÃO:
COM A ALTA COMPETITIVIDADE
NO MERCADO, A EMPRESA
PRECISARIA DE MAIS
INVESTIMENTO E TEMPO
PARA PENETRAR, LIDERAR E
ALCANÇAR RENTABILIDADE

ELI LILY
NAÇÃO DE ORIGEM: ESTADOS UNIDOS
QUANDO ANUNCIOU A DECISÃO: DEZEMBRO DE 2018
EXPLICAÇÃO: TRANSFERÊNCIA DA OPERAÇÃO FABRIL
PARA PORTO RICO. PERMANECEM AS UNIDADES
ADMINISTRATIVAS E DE VENDAS

ROCHE FARMA
NAÇÃO DE ORIGEM: SUÍÇA
QUANDO ANUNCIOU A DECISÃO: MARÇO DE 2019
EXPLICAÇÃO: POR QUESTÕES ESTRATÉGIAS
E PELO ALTO CUSTO DE PRODUÇÃO DE
MEDICAMENTOS, A FÁBRICA DO RIO DE JANEIRO
SE TORNOU INSUSTENTÁVEL. PERMANECEM
AS UNIDADES DE GOIÁS E SÃO PAULO

NYX
NAÇÃO DE ORIGEM:
ESTADOS UNIDOS
QUANDO ANUNCIOU A
DECISÃO: ABRIL DE 2019
EXPLICAÇÃO: SEM
COMUNICADO OFICIAL
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