Domingos para fazer parte de seu
elenco de jovens competidores.
Na cidade, tudo era novidade para
o ex-sitiante, até mesmo aprender a
comer com talheres: “No sítio, comia
carne com as mãos e em Prudente
todo mundo usava talheres. Com
medo de passar vergonha, disse no
Centro de Excelência que era vege-
tariano. Quatro dias depois fiquei de-
sesperado porque queria comer carne
e arrisquei a usar os talheres. Deu
certo”, relembra Domingos aos risos.
Em Prudente, Domingos disse
que recebeu conforto e uma boa edu-
cação moral. Além disso, com apoio
de Jaime Neto, ele conseguiu apren-
der diversas técnicas do atletismo.
Um ano e meio depois, ele viria a
receber a principal proposta de sua
carreira: o professor Carlos Albieri
o convidou para competir e treinar
jovens atletas em Marília.
“Nessa época aprendi a identifi-
car atletas com potencial. Tenho um
‘olho biônico’, algo difícil de explicar.
Quando observo um atleta treinando,
o imagino em uma determinada pro-
va. Em seguida, começo a trabalhar
com sua parte técnica e a coordena-
ção motora”, afirmou.
“Fábrica de campeões”
Em razão de uma série de lesões,
Domingos desistiu da carreira de
competidor aos 25 anos e, por hobby,
disputou algumas edições dos Jogos
Regionais até aos 31 anos. No entan-
to, a verdadeira mudança na carreira
de Domingos aconteceu quando ele
regressou à sua cidade natal.
A partir de 1993 ele começou a
treinar atletas em Adamantina a con-
vite de Pedro Perosa Milanese. Nes-
ses 23 anos atuando como técnico,
sua principal missão foi de construir,
segundo ele próprio, uma “fábrica de
campeões”.
Em partes, seu objetivo foi con-
cretizado: os adamantinenses Lucas
dos Santos Marcelino (salto em dis-
tância) e Isabela Rodrigues da Silva
(arremesso de peso e lançamento
de disco), ex-alunos de Domingos,
são destaques em níveis nacional e
internacional no atletismo.
“Ficou muito feliz quando vejo um
atleta crescendo e saindo da cidade.
Sinto orgulho, pois há um lado da
vida deles que fiz parte, como um
segundo pai”, concluiu o treinador.
Além de suas aulas semanais, o
que anima Domingos atualmente é
a melhoria técnica e estrutural que
ocorreu no atletismo regional nos últi-
mos anos, além do espírito de audácia
que carrega até hoje, 24 anos após a
sua primeira corrida de rua.
Domingos Rocetão foi treinado pelo
medalhista olímpico Jaime Neto e, por sua
vez, revelou talentos locais para o
atletismo nacional e mundial.