Dossiê Superinteressante - Edição 415-A (2020-05)

(Antfer) #1

42 FREUD


FASE FÁLICA
DEpois DE tER DEscobERto as alEgRias Do ânUs,
a criança, por volta dos 4 aos 5 anos, volta a sua atenção para
o pênis – ou para a falta dele, com o complexo de castração
de que falamos no capítulo anterior. É nessa fase que a
criança percebe as diferenças anatômicas entre meninos
e meninas, e também que passa a ter prazer ao manipular
seus órgãos genitais. Associa o pênis a uma ideia de poder,
já que quem tem pênis em casa é o pai, a pessoa mais
poderosa da família – pelo menos, das famílias vienenses da
virada do século 19 para o 20, nas quais Freud se baseou.
Na fase fálica, essa percepção da presença do pai,
numa relação que até então parecia exclusiva entre
a criança e a mãe, desperta o complexo de Édipo.

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FASE GENITAL
com a maniFEstação Da
pUbERDaDE, a partir dos 11
anos, a sexualidade volta a
mil por hora. Nem haveria
como ser de outro modo,
já que meninos começam
a ter ereções a torto e a
direito, ejaculam dormindo
ou no chuveiro, os seios
das meninas crescem,
eles e elas começam a se
masturbar... A identidade
infantil é deixada para
trás – o estágio genital
se prolonga para o resto
da vida –, e isso acarreta
um fenômeno decisivo:
a percepção do outro.
Até então, nas chamadas
fases pré-genitais, Freud diz
que a sexualidade na criança
é narcísica, voltada para si
mesma – ela sente prazer
estimulando a própria
boca, o ânus, seu pênis ou
clitóris. Já na fase genital,
esse narcisismo diminui, e
a libido é direcionada para
outras pessoas, com as quais
o indivíduo quer obter sua
satisfação. “A pulsão sexual,
que era predominantemente
autoerótica, encontra um
objeto sexual”, diz Freud.
E a boa notícia é que
esse objeto está, agora,
fora do núcleo familiar:
serão as pessoas que você
elegerá como potenciais
parceiros de cama. Sem
pai e mãe na história.

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Dos 6 aos 11 anos, a
criança dá um tempo
na sua exploração do
parque de diversões da
sexualidade. Coincidindo
com o período em que
a escola fica mais séria,
a libido – concebida por
Freud como a energia
sexual na vida psíquica,
mas também como uma
energia de vida, que nos
leva para a frente – é
direcionada para outras
coisas. Principalmente
para o desenvolvimento
social e intelectual. É
hora de interagir com os
amiguinhos – pela primeira
vez sem supervisão
integral dos adultos –, de
criar apego ao primeiro
caderno... É tanta coisa
nova na cabeça da criança
que a sexualidade fica
meio encostada. Talvez
uma reunião de forças
para a fase que virá em
seguida: a puberdade.
Sobre esse intervalo
de alguns anos, Sigmund
Freud comenta: “o período
de latência parece ser
uma das precondições
da aptidão humana
para desenvolver uma

cultura superior”.
Mas ele também tem
uma explicação mais
“psicanalítica” para a
formação desse período.
É quando o complexo de
Édipo da fase fálica se
esvai. A autoridade do pai é
incorporada inconsciente-
mente na personalidade da
criança, e o resultado disso
é a formação do núcleo do
superego (de que falaremos
mais adiante), assumindo
para si a severidade
paterna e perpetuando a
proibição contra o incesto.
Assim, segundo Freud,
“as tendências libidinais
pertencentes ao complexo
de Édipo são em parte des-
sexualizadas e sublimadas”.
Sublimação, no contexto da
psicanálise, é o direciona-
mento das energias sexuais
e destrutivas para outras
atividades, que não tenham
sexo e porrada no meio.
Ou seja, quando a
criança para de focar
na sexualidade, sua
libido – sua energia – fica
liberada para servir a outros
aprendizados. E saímos
da fase de latência como
seres humanos melhores.

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FASE DE LATÊNCIA


42 FREUD


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