18 NATIONALGEOGRAPHIC
O
ROTERDÃO, HOLANDA
No bairro histórico da
cidade, o novo Market
Hall pretende inspirar
com a sua originalidade,
mas também criar
“um espaço onde
pudéssemos celebrar e
pudéssemos encontrar-
-nos”, diz o arquitecto
Winy Maas. O edifício
habitacional arqueado
cobre um mercado de
produtos alimentares
aberto diariamente,
bem como bares e
restaurantes.
O OBJECTIVO DAS CIDADES é reunir as pessoas. No século
XX, afastámo-las. Certo dia, no ano passado, Peter Calthorpe
levou-me a passear por alguns dos destroços dessa política.
Queria mostrar-me os seus planos para transformar de novo
as cidades num todo coeso. ¶ Em finais da década de 1970,
este arquitecto participou no projecto de um dos primeiros
edifícios de escritórios com eficiência energética que ainda
hoje se encontra de pé, em Sacramento, na Califórnia (EUA).
Pouco depois, porém, já ampliara os seus interesses. “Se qui-
sermos mesmo obter melhores resultados ambientais e
sociais, não basta dar forma a um único edifício”, diz.
“Temos de dar forma a uma comunidade.” ¶ Actualmente,
Peter chefia uma pequena mas influente empresa de design
urbano, a Calthorpe Associates. No seu escritório de
Berkeley, a carta de estatutos do Congresso para o Novo
Urbanismo está emoldurada e pendurada na parede, con-
denando “a generalização do alastramento urbano desgo-
vernado”. Peter Calthorpe contribuiu para a formação do
grupo em 1993. A luta é demorada e ainda há muito caminho
para percorrer. ¶ Esperámos pelo final da manhã, até que
o trânsito acalmasse um pouco, e depois entrámos no Tesla
azul-escuro do arquitecto, rumando para Silicon Valley, a sul
de São Francisco, na ponta oposta da metrópole. ¶ “O pro-
blema dos ambientes urbanos orientados para o automóvel
é que, não havendo escolha, a única forma de nos locomo-
vermos é de automóvel e, de repente, já os utilizamos em
excesso”, disse durante o trajecto.