REPENSANDOASCIDADES 19
“Uso excessivo para o clima, excessivo para as
finanças, excessivo para a comunidade em ter-
mos de trânsito, excessivo em termos de tempo
consumido. Seja qual for o indicador, o seu valor
é negativo. A recusa de caminhar é uma receita
garantida para a obesidade. A qualidade do ar ali-
menta as doenças respiratórias.”
Na década de 1990, Peter Calthorpe ajudou a
convencer a cidade de Portland a construir uma
linha de metropolitano de superfície em vez de
outra auto-estrada e a aglomerar as habitações,
os escritórios e os espaços comerciais em redor.
“Desenvolvimento orientado pelos transportes”
foi o lema que selou a sua reputação como visio-
nário urbano. Em Pequim, encontrei-me com um
cientista ambiental que já guiou muitos dirigentes
chineses em visitas a Portland. Não se tratou tanto
de uma ideia nova, mas sim de apelo à “reinven-
ção dos velhos bairros suburbanos servidos por
eléctricos, onde existiam fabulosas ruas de lojas:
locais onde se podia caminhar e que estavam liga-
dos pelos transportes”, explicou Peter Calthorpe.
Sobre a ponte, apesar de termos saído tarde, o
trânsito residual ainda nos atrasou.
DE ACORDO COM A UTOPIA de Peter Calthorpe, na
China, as cidades parariam de crescer de modo
voraz e encontrariam formas melhores de acolher
a natureza dentro de si. Cresceriam em aglome-
rados densos e em quarteirões pequenos, onde os
residentes pudessem deslocar-se a pé ou numa
rede de transportes rápidos. Estas cidades do
futuro deixariam de separar os locais de trabalho,
de habitação e de compras, como sucede com
o modelo actual que obrigaaousodocarro
para as deslocações. (Continua na pg. 24)