National Geographic - Portugal – Edição 217 (2019-04)

(Antfer) #1
REPENSANDOASCIDADES 29

Entretanto, nos últimos 20 anos, o número de
automóveis particulares na China passou para
quase 190 milhões. Pequim tem agora sete estra-
das circulares concêntricas em redor da Cidade
Proibida. Setenta por cento do investimento da
infra-estrutura de transportes em cidades de
rápido desenvolvimento destina-se ao automó-
vel, disse Wang Zhigao, director do programa de
cidades com baixo carbono da Energy Founda-
tion China, uma organização sem fins lucrativos
com financiamento internacional.
Os transportes públicos são excelentes, mas
nem assim os residentes desistem de andar de
carro. Parte do problema, em Pequim e noutras
cidades, é a forma da expansão urbana, o legado
de todos os anos de construção apressada. “Se
não cuidarmos bem da forma urbana, teremos
de conviver com ela durante centenas de anos”,


disse Wang. “Se continuarmos a criar um am-
biente propício à condução, as pessoas conti-
nuarão a usar o automóvel e continuará a haver
muito carbono, mesmo com veículos eléctri-
cos.” A China continua a gerar a maior parte da
sua electricidade a partir de carvão.

HÁ UMA DÉCADA, Wang e He tomaram conheci-
mento de um novo projecto chamado Chenggong,
na cidade de Kunming, no Sudoeste da China.
Planeada para 1,5 milhões de habitantes, era uma
nova cidade chinesa típica: a rua principal tinha
cerca de oitenta metros de largura, de um passeio
a outro, e os edifícios distavam 180 metros entre
si. “Contactámos Peter e outros especialistas e
eles mostraram-se chocados”, recorda Wang.
“Argumentaram que esta rua não seria para
seres humanos.”
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