Sabor Club - Edição 41 (2020-06)

(Antfer) #1

58 | Sabor. club [ ed. 41 ]


AO OLHAR PELA FACHADA EM DIREÇÃO À
lâmina d’água logo se vê uma das famosas aranhas da
mundialmente famosa Louise Bourgeois. Desviando um
pouco o olhar para outra posição vê-se um dos móbiles
de Alexander Calder. Mais adiante, sobre uma leve colina,
está uma instalação de ninguém menos que Frank Owen
Gehry. E, no meio de algumas árvores, a curiosa e reflexiva
instalação do brasileiro Tunga.
Assim é o caminho de quem percorre o os campos do
Château La Coste, na comuna de Le Puy-Sainte-Réparad,
não muito distante de Aix-en-Provence. A vinícola tem
cerca de 200 hectares de terras onde não só produz belos
vinhos mas abriga duas dezenas de obras e instalações
magníficas, sem contar as exposições temporárias
em seus pavilhões.
O museu-vinícola, espécie de irmão francês do nosso
Instituto Inhotim, em Minas Gerais, é mantido por um
grupo de investimentos irlandês, que realmente acredita
que a arte é o alimento da alma, assim como o vinho. Ele é
produzido, aliás, em dois grandes edifícios contemporâneos
concebidos pelo premiado arquiteto francês Jean Nouvel.
Eles têm forma esférica e, de certa forma, lembram estufas
ou antigos armazéns agrícolas que ainda hoje podem ser
vistos nessa região do sul da França.
Cada prédio tem 10 metros de altura, cobertos com
alumínio em forma de ondas. O menor é aberto em um dos

lados, para que possa receber as uvas. Elas passam por
uma seleção manual e seguem para as três grandes prensas.
No maior ficam a adega, onde as barricas ficam guardadas
16 metros abaixo do solo, e o maquinário
para o engarrafamento.
Todo o processo pode ser visto pelo visitante, num
passeio longo, sem pressa, por um dia inteiro. Ou mais do
que um. A área do Château La Coste, afinal, também abriga
um hotel cinco estrelas, chique e natural, e uma série de
restaurantes, incluindo um do Francis Mallmann, com
a rústica-elegância de sempre.
O mais procurado deles, no entanto, fica no centro de
arte projetado por Tadao Ando. O prédio adota muitos
dos elementos que caracterizam a obra do mestre japonês,
abrindo espaço para que a luz natural e o rico exterior
entrem dentro dele. Como a lâmina d’água “infinita” que o
rodeia e as vinhas, mais distantes, ainda mais lindas ao
pôr do sol.
A sensação de estar dentro da “obra” de vidro e concreto
é inexplicável. Uma série de pontos cônicos organizadas
em proporções estilo tatame cria linhas geométricas
intrigantes até percebermos uma colunata que desaparece
conduz o olhar até as videiras e, de repente, desaparece.
Diz o mestre: “Eu quis capturar o mesmo espírito, muito
humilde, de uma pintura de Cézanne”.
http://www.chateau-la-coste.com

Francis Mallmann aux Château La Coste: a elegância rústica de sempre, no restaurante do chef argentino

A vinícola é composta de dois grandes edifícios contemporâneos concebidos pelo premiado arquiteto francês Jean Nouvel
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