JornalValor--- Página 5 da edição"22/06/20201a CADB" ---- Impressa por LGerardi às 21/06/2020@17:17:
Sábado,domingoesegunda-feira, 20,21e22dejunhode 2020|Valor| B
Especial|Sustentabilidade
GestãoNocenáriopós-pandemia,estratégiadas
empresasdeveincorporarmudançadevalores
Adoção de critérios
socioambientais
atrai investidores
Marli Olmos
De São Paulo
Nopassado,quandoopresi-
dente de umagrande compa-
nhiabrasileiraconversava com
um investidor estrangeiro oas-
sunto girava essencialmente em
tornoda saúdefinanceira da em-
presae resultadosdas vendas.
Mas hoje os critériosde respon-
sabilidadeambiental,socialede
governança corporativaganha-
ram maispeso. Isso fez otom das
conversascom investidoresmu-
dar.Perguntassobre oque oexe-
cutivo tem comoperspectivade
futuropessoalou oque seus fi-
lhos pensam sobrediversidadee
inclusãosocialtornaram-se co-
muns, diz o presidente da Ger-
dau,GustavoWerneck.
“Elesquerem sabercomoa sua
cabeça funciona”, afirmouWer-
neckduranteodebateda live
“Sustentabilidade–AEstratégia
das empresasno cenáriopós-
pandemia”, organizadapeloVa-
lor, com o apoioda Gerdau. Não
éapenasa conversacom oinves-
tidorque mudou.Para os espe-
cialistas, as entrevistasde empre-
go tambémnão serãomaisas
mesmas.Antes de aceitaro con-
vite paratrabalharnuma empre-
sa o profissionalvai quererter
certeza sobresua transparência
emrelaçãoàsaçõessociais“Hoje,
já éoc andidatoque entrevistaa
empresaparasaberseelaestáali-
nhadacom oseu propósito”, dis-
seWerneck.
“A geraçãodosmillennialsnão
émovida apenaspelo impacto fi-
nanceiro em suas carreiras”, des-
tacouo diretor-executivodo Sis-
temaBInternacional,MarcelFu-
kayama.Durantealive, Fukaya-
ma afirmou,ainda,que essesno-
vos critériostendema alteraros
conceitosno mercadode capi-
tais.“Estamossaindodeumcapi-
talismodecurtoprazo”,disse.
O consumidor também vai mu-
daroolharemrelaçãoàsempresas
edará prioridade às maisenvolvi-
das com causassociais eambien-
tais. Por outro lado,aco nfiança do
consumidor não é tãofácil de ser
conquistada, segundoodiretor de
sustentabilidade da Fundação
DomCabral, Heiko Spitzeck. Para
ele, épreciso não confundiros cri-
térios de responsabilidade am-
biental,socialedegovernançacor-
porativa(ASG)comfilantropia.
“Não basta contratarum cami-
nhãopara levar alimentos para as
comunidades carentes”, disse Spit-
zeck durante odebate virtual, con-
duzidopor Maria Luíza Filgueiras,
repórter especial do Valor. Segun-
do ele,aempresa que já tem asoli-
dariedade na sua cultura nãoape-
nas contrata o caminhãoque car-
regaráasdoaçõescomojáconhece
as lideranças da comunidade ca-
rentequesabemcomoorganizara
distribuição. E isso faz diferença
nummomentodecrise.
Aconquista, tantodo consumi-
dor,agora maisconsciente emais
informado, quantodos emprega-
dos de uma empresa e de seus in-
vestidores,sobaóticadasaçõesso-
cioambientais, “nãoé algo que se
cria da noite para o dia, comodiz
Fukayama. “Trata-se de uma trans-
formaçãocultural.”
Quemjá estava nessafase de
transformação saiu na frentena
pandemia.Empresasque já ti-
nhamas questões sociaise am-
bientaisem sua culturaacelera-
ram o processo,segundoWerne-
ck. Para ele, esse movimento ten-
de aser benéfico para asocieda-
de porqueficarácadavez mais
evidente que a buscade um
mundomelhornão é umabata-
lha voltadaparao futuro. “Isso
precisaser usufruídopelasnos-
sasprópriasgerações.”
Odebateserviu,também, para
mostraroaumentodo interesse
das empresasem obteracertifi-
caçãoB-Corp,que utilizao de-
senvolvimentosociale ambien-
tal paradefinirosucessode um
modelo de negócio. Apandemia
tendeaaceleraracriaçãodeindi-
cadores em todoo mundopara
mediroimpactodosnegóciosde
umaempresa na comunidade
em que atua enas relações com
seus funcionários. Para Spitzeck,
a empresaque não apresentar
transparêncianessesaspectosle-
vará desvantagem até para obter
financiamentointernacional.
Hádúvidas,noentanto,emrela-
ção ao envolvimentodo poder pú-
blico nesse processo. Os debatedo-
res concordaram que nemtodos
os governos se engajamnamesma
proporção que as empresas, prin-
cipalmenteos de países com mais
problemasde déficit fiscal. Em al-
guns,as empresasjá fazempres-
são. “Quando o governo dos Esta-
dos Unidos decidiu deixar o Acor-
do de Paris (que prevê limitar oní-
veldoaquecimentoglobal),nodia
seguinte, 600dirigentes assina-
ram um manifesto para esclarecer
que suas empresas não seguiam a
mesmadecisão”, disseFukayama.
Spitzeck,que éalemão,lem-
brouque em seu país, por exem-
plo, ogovernocomeçaafazer va-
ler a políticado “maisverdee
mais saúde”de maneiramais
contundente.Isso tem provoca-
do, destacou,o enfrentamento
com setoresque antesdesponta-
vamcomoengajadosna causa
ambiental,mas que falharam em
comprovarseus objetivos.É o ca-
so da indústriaautomobilística.
“Essesetorsemprefez um lobby
forte.Aí vieramescândalos, co-
mo o do diesel (falsificaçãode
testesde emissões de poluentes
pela Volkswagen). Agora,a Euro-
pa diz: ‘isso não éaeconomia do
futuro’”, afirmou.
Para Werneck, cabeao empre-
sariado,também,aproveitar a
crisenasaúde,expostanapande-
mia, paradeixar legadosque se
transformarão em equipamen-
tos públicos.No caso da Gerdau,
um dos exemplosmais significa-
tivoséohospitalde campanha
em São Paulo, que, logo no início
dapandemia,ofereceuaoserviço
públicode saúdecem leitospara
pacientesdecovid-19.
Numa parceriacom a Ambev,
hospital AlbertEinsteine aPre-
feiturade São Paulo, a instala-
ção, construídaem prazoque,
disseoexecutivo, nem aprópria
empresaimaginavam —40 dias
—, continuaráa atendera popu-
laçãoda ZonaSul da cidadeno
pós-pandemia.
Essa iniciativa deixará tam-
bémumlegadocomercial,jáque
o hospitalfoi construídocom es-
truturasde aço fornecidaspela
Gerdau. “Críamosvalorparaso-
ciedade, mas aobra também
provouque nossoprodutoper-
mite uma construção rápida”,
disseWerneck.
Live doValordebate astransformaçõesdasdemandasdasociedadeemrelaçãoà atuaçãodascompanhias
LEO PINHEIRO/VALOR
Inovando sempre para
moldarofuturoquequeremos.
NaGerdau,temos buscadodesenvolver novos métodos
e formasde levar maisprodutividadeparaa indústria
da construção, evitando desperdíciose mitigando
impactos ambientais.
A leveza,resistênciae flexibilidadedo aço, unidos
a umecossistemade inovação, entregamsoluções
comeficiênciae sustentabilidade. Exemplo disso é
a construção modular doscentros de tratamento de
combate à Covid-19, emSão Paulo/SP e Porto Alegre/RS,
queestãoentregando 160novos leitos no períododa
pandemiaemtempo recorde na históriada indústria
da construção brasileira, e que ficarão de legadopara
a sociedade.
Emtempos de incerteza,acreditamos que, com união
e colaboração, superaremos esse momento delicado.
Essa é a nossa contribuição paramoldar
o futuro e construirnovos sonhos e
possibilidades paraas pessoas.
Centro de tratamento ao Covid-19,
emSão Paulo, construído emparceria
coma Ambev e HospitalAlbert Einstein.
Foto Cláudio
Gatti
By_Lu*Ch@Qu£