National Geographic - Portugal - Edição 230 (2020-05)

(Antfer) #1
No final da década, voltaram a soar as sinetas de alarme.
Praticamente metade do território estava em seca
severa ou extrema no início da Primavera de 1949.

0
1942 44

1944/45 1948/

46 48 5052 54 56 58 6 0 62 64 66 68 70 72 74 76

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80

90

100

%

SECA SEVERA
E EXTREMA NO
FINAL DO INVERNO Setembro de 1945


Foi um dos períodos mais graves da história recente portuguesa
80 % do território estava em seca severa ou extrema.
Perdeu-se boa parte das culturas agrícolas do ano.

PERCENTAGEM DO TERRITÓRIO DE PORTUGAL CONTINENTAL NAS CLASSES DE SECA SEVERA E EXTREMA
O Índice PDSI é o indicador que junta três tipos de dados: temperatura, precipitação e quantidade de água no solo.

HÁ 80 ANOSQUESEREÚNEMDADOSSISTEMÁTICOSEMPORTUGALSOBREPRECIPITAÇÃO,TEMPERATURA
e percentagem de água no solo. Em conjunto, traçam a evolução da seca no nosso país e revelam uma
intensificaçãodosepisódiosdeseca,a suamaiorduraçãoe extensãoa maioresparcelasdoterritório.

EXPLORE


OSMISTÉRIOSEMARAVILHAS QUE NOS RODEIAM
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Desde que há actividade agrícola, há constantes
lamentos dos agricultores face aos humores do
tempo. A seca, em particular, faz parte dos pesa-
delos agrários e, mesmo antes de existirem séries
fi áveis de dados meteorológicos, os jornais e a lite-
ratura estão repletos de queixumes. É próprio do ser
humano – mesmo antes dos cenários de alterações
climáticas – atribuírem um carácter extraordiná-
rio a períodos irregulares de pluviosidade. Em  de
Março de , quase no fi nal do período húmido
tradicional, o semanário “O Algarve” queixava-se
da falta de chuva na região, sobretudo nos conce-
lhos do Sotavento: “Mas foi sempre assim? Não foi!
Antigamente chovia bastante e ribeiras que tinham

sempre grande abundância de água hoje nem chegam
a correr durante o Inverno. (...) A serra estava arbo-
rizada e o emprego das árvores para lenha e carvão
tem dado este resultado. Pelo desaparecimento das
árvores, se torna árida uma região.”
“Desde que temos séries de dados, reconhecemos
episódios de seca, alguns dos quais prolongados por
mais de um ano”, contrapõe Vanda Cabrinha, téc-
nica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
A análise do stress hídrico de  a , apoiada
nos dados de mais de quatro dezenas de estações
meteorológicas que funcionam no território de forma
continuada, tanto revela episódios de seca entre  e
 e entre  e  como entre  e , entre

SECAS MAIS LONGAS E INTENSAS


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