SINAISPRECOCESDOAUTISMO 61
Joseph Piven estuda o
autismo há 36 anos.
Segundo este psiquiatra,
as crianças com autismo
relacionam-se de forma
diferente com o ambiente
que as rodeia. “É uma
perturbação relacionada
com a forma como uma
pessoa percebe o mundo
através dos sentidos e do
sistema de atenção”, diz.
O especialista tem
esperança de que a
compreensão da forma
como o cérebro se
desenvolve nas crianças
com autismo conduza a
tratamentos com
fármacos: “Acho que
vamos passar a utilizar
medicações específicas
para certas perturbações
do espectro do autismo.”
de 2 anos, concluíram os investigadores. Num estu-
do com crianças com cerca de 2 anos, descobriram
que essas crianças olhavam com menos de metade
da frequência para rostos de pessoas e com mais de
metade da frequência para objectos.
Estes resultados sugerem que os bebés mais
tarde diagnosticados com autismo vêem o mun-
do de uma maneira diferente. Isto altera a forma
como gerem as suas interacções sociais, o que, por
sua vez, tem um efeito de cascata sobre o desen-
volvimento cerebral, possivelmente conduzindo
a sintomas posteriores. “O que parece acontecer
é que as nossas crianças com autismo estão a per-
der milhares e milhares de experiências de apren-
dizagem social”, afirma Klin.
Estas conclusões parecem implicar que os be-
bés com risco de desenvolver autismo podem ser
acompanhados e conduzidos para uma via repara-
dora. Os investigadores têm procurado testar inter-
venções comportamentais, como o Modelo Denver
de Intervenção Precoce, um programa que ensina
pais e terapeutas a recorrer a estratégias específicas
para desenvolver capacidades sociais e de lingua-
gem nas crianças com autismo. Num ensaio expe-
rimental recente, com a participação de 118 crian-
ças, a intervenção resultou num aperfeiçoamento
das capacidades de linguagem que, na opinião dos
investigadores, é um bom indicador de melhorias a
longo prazo dos indivíduos com autismo. j