Clipping Banco Central (2020-08-01)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Revista Exame/Nacional - Entrevista
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Reforma da Previdência

profundas no meu governo. Fizemos
privatizações no primeiro semestre do ano
passado. Depois começamos um debate sobre
a reforma da Previdência e a administrativa.
Mexemos ao mesmo tempo na carreira de
policiais e de professores, o que não foi fácil.
Pretendíamos iniciar a reforma tributária em
abril, mas a pandemia atrasou isso. Agora
queremos fazer a reforma até setembro para
ela vigorar a partir do ano que vem.
Precisamos de competitividade no Rio Grande
do Sul. Para isso, nosso modelo busca
desonerar o consumo e a produção,
desonerando especialmente o ICMS [imposto
sobre a circulação de mercadorias e serviços,
principal fonte de receita dos estados].


Onde exatamente se desonera no ICMS?
A reforma vai em dois sentidos: simplificar o
pagamento de impostos e reduzir a cobrança
sobre alguns produtos. As alíquotas de
combustível, hoje em 30%, irão para 25%. Isso
deverá reduzir em 27 centavos o preço da
gasolina. O mesmo deverá ocorrer na energia
elétrica e nas comunicações. Por outro lado,
estamos acabando com algumas isenções
fiscais [para compensar a queda na
arrecadação].


O senhor pretende retirar os incentivos fiscais
sobre a cesta básica. Isso não penalizaria as
famílias mais pobres?
O benefício para a cesta básica tem a intenção
de favorecer o público de mais baixa renda,
mas acaba sendo injusto do ponto de vista
tributário. Na medida em que não dá para
classificar o que o rico ou o pobre comem, os
alimentos como um todo estão desonerados. O
estado abre mão de receita para um efeito
prático menor sobre a população de baixa
renda. O que estamos propondo, portanto, é:
em vez de isentar o imposto, vamos devolver o
imposto às famílias de baixa renda. Com a
tecnologia atual, dá para fazer isso com o


cadastro da nota fiscal eletrônica. As famílias
de baixa renda poderão pedir a devolução do
imposto pago por elas. Isso vai reduzir a carga
tributária das famílias com renda de até três
salários mínimos.

Mas como seria esse mecanismo de
transferência de renda?
A pessoa vai fazer suas aquisições e, se ela
tiver uma renda de até três salários mínimos,
terá a devolução garantida de até 30 reais por
mês mais uma parcela variável, de acordo com
as notas fiscais que tiver solicitado com seu
CPF. A ideia é estimular as pessoas a pedir
nota fiscal, porque isso ajuda a combater a
sonegação. O estado projeta devolver até 500
milhões de reais em impostos por ano. Isso
com certeza vai estimular a economia, porque
nas mãos das famílias de baixa renda o valor
vira consumo.

A situação fiscal, que já não estava boa antes
da pandemia, piorou com a crise. É possível
pensar em desonerações?
O que estamos fazendo é uma reorganização
do sistema tributário. Em nossos cálculos, o
resultado será uma receita igual à atual, porém
com uma tributação melhor e mais justa. Do
outro lado, queremos ter alterações em
benefícios fiscais sobre itens como insumos
agrícolas. Nossa proposta seria que pagassem
10% do imposto devido. Ou seja, se o imposto
devido fosse de 17%, ficaria 1,7% de
determinado item em contribuição para a
sustentabilidade fiscal do estado. É importante,
inclusive, para o agronegócio, uma vez que um
estado com dificuldades em promover
investimentos não apresenta competitividade.

O governo Bolsonaro também está tentando
avançar com uma reforma tributária dos
impostos federais. Há quem diga que os
impostos estaduais deveriam ter entrado na
proposta. O senhor concorda?
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