Clipping Banco Central (2020-08-01)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Revista Exame/Nacional - Noticias
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

Victor tem dois filhos, de 10 e 13 anos, e
lamenta não poder contribuir para o sustento
de ambos. “Sinto que meus filhos vão me ver
sempre nesta situação, à espera de um
emprego que nunca vem.”


Um estudo do Banco Central de 2019 mostrou
que os desempregados de longa duração,
quando conseguem voltar para o mercado,
ocupam vagas do setor informal e com salário
bem mais baixo. Outros estudos internacionais
mostram que os jovens que entram no mercado
de trabalho num momento hostil sofrem os
efeitos pelo resto da carreira.


Momentos como esse também geram fuga de
cérebros: em um cenário de falta de emprego,
aqueles mais educados preferem migrar em
busca de oportunidades no exterior. Eles são
atraídos por universidades e multinacionais em
uma disputa por talentos em nível global, e não
é por acaso: são justamente essas pessoas
que têm maior chance de fazer uma inovação
ou abrir um negócio, por exemplo.


Do ponto de vista da economia do país,
enquanto o mercado de trabalho não
deslancha, seria possível compensar seus
efeitos incrementando o produto por
trabalhador. O foco na produtividade tem dado
o tom do discurso da equipe econômica
liderada pelo ministro Paulo Guedes, que
implementou medidas anticíclicas, mas dobrou
a aposta nas reformas para aumentar a
eficiência econômica e acaba de apresentar
sua proposta para as mudanças tributárias.


“Você pode e deve fazer reformas que
aumentem a produtividade. Mas, se não
resolver o problema cíclico, correrá o risco de
comprometer sua capacidade de crescimento e
jogar os efeitos das reformas no lixo”, diz
Ricardo Menezes, professor na Universidade


Federal do Rio de Janeiro.

Não há experiência de país na história que
tenha enriquecido depois de envelhecer. Mas
há os que usaram o bônus para mudar de
patamar e continuar crescendo para quando os
ventos não estivessem mais soprando a favor.

Na América Latina, um destaque é a Costa
Rica: o país teve a queda mais brutal da
natalidade em todo o continente entre 1960 e
1975, mas diferenciou-se de seus vizinhos pelo
investimento em educação e saúde e por uma
estabilidade notável de políticas. Se um
pequeno país da América Central parece um
exemplo exótico, vale olhar para o caso da
China, do outro lado do mundo.

Apesar de ter proibido em 1979 que as
mulheres tivessem mais de um filho, política
que só foi flexibilizada nos últimos anos, o país
mais populoso do mundo explorou seu bônus
para crescer ao ritmo de dois dígitos e hoje
lidera o mundo em produção de robôs. O auge
de população do país será em 2024, e depois a
China perderá praticamente metade de sua
população até 2100.

A estimativa é de um estudo de cientistas da
Universidade de Washington publicado
recentemente na revista científica The Lancet,
que projeta um cenário demográfico
radicalmente diferente para as próximas
décadas. Depois de atingir uma população
global de quase 10 bilhões de pessoas em
2064, o mundo começará a encolher e deverá
chegar a 2100 com uma população de 8,7
bilhões de pessoas (nenhum demógrafo sério
se arriscaria para além disso).

No Brasil, o pico populacional vai ocorrer antes,
em 2043, com 235 milhões de habitantes. A
partir daí, o atual sexto país mais populoso do
mundo passará a diminuir e se tornará o 13o
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