Clipping Banco Central (2020-08-01)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Revista Exame/Nacional - Noticias
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

maior do planeta em 2100. Como um país que
terá cada vez menos crianças e mais idosos,
as demandas por educação tenderão a diminuir
enquanto os gastos com saúde vão disparar.


Isso mexe com uma infinidade de aspectos
econômicos — desde investimentos, com a
necessidade de sustentar retornos de
aposentadorias num mundo de juros baixos,
até a inflação, na medida em que os mais
velhos tendem a comprar menos itens
duráveis.


“Provavelmente, não precisaremos construir
mais escolas no Brasil. E tanto o Estado como
as famílias acabarão destinando mais recursos
a cada criança”, diz o demógrafo Cássio Turra,
da Universidade Federal de Minas Gerais. “Por
outro lado, será preciso investir em políticas
públicas de cuidados de longa duração para os
idosos, como terapeutas e cuidadores.”


O processo de transição demográfica, ocorrido
nos países desenvolvidos ao longo do século
20, foi relativamente mais rápido no Brasil e na
maioria das nações emergentes. Em toda
parte, está ligado a um contexto no qual as
mulheres passam a estudar mais e até mais
tarde, têm acesso a contraceptivos e ao
planejamento familiar, adiam o momento do
casamento e o da gestação, e com isso
acabam tendo menos filhos.


A aposta é que esse processo vai acontecer
ainda mais rápido em todo o mundo — exceto
na África, que só começou sua transição etária
nos anos 1980. A Nigéria se tornaria, por
exemplo, uma nova potência demográfica,
quadruplicando sua população dos 206 milhões
de habitantes atuais, semelhante ao Brasil,
para 790 milhões em 2100.


Além dela, República Democrática do Congo,
Etiópia, Egito e Tanzânia também entrariam


para o top dez das maiores populações do
planeta até o fim do século. “A África será a
nova China”, proclamou o jornal britânico
Financial Times há alguns meses.

Curiosamente, parte do processo acontece
devido ao continente ter se tornado a “China da
China”: local de investimentos pesados
internacionais e em infraestrutura, transferência
de tecnologia, comércio ampliado e reserva de
mão de obra barata para manufatura. Ainda
assim, a demografia é algo central — não
apenas pelo mercado de trabalho mas também
pelo consumo.

IMIGRAÇÃO


É fato que nem tudo é definido numa conta
simples entre nascimentos e mortes. Para
alguns países, um caminho para estender o
bônus pode ser a imigração, já que a entrada
de jovens permite manter em alta o contingente
de trabalhadores.

Apesar da recente cruzada de Donald Trump
contra os imigrantes, a previsão é que os
Estados Unidos sigam estendendo seu bônus
por meio dessa base por várias décadas, como
também deve fazer a Austrália. No Brasil, a
imigração é notoriamente baixa em
comparação com o fluxo internacional: menos
de 0,5% dos residentes no Brasil não nasceu
aqui, ante 15% nos Estados Unidos.

Também é possível estimular a própria
natalidade, como têm feito países como
Espanha e Itália, que hoje já vivem um declínio
populacional. Vagas e subsídios a creches e
estímulos financeiros diretos para quem tem
filhos estão no receituário, além de políticas
para incentivar maior igualdade entre homens e
mulheres dentro dos lares, como a extensão da
licença-paternidade.

Em países como Rússia e Hungria, governados
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