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Revista Exame/Nacional - Opinião
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

OPINIÃO - Quando o vírus passar


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Autor: Joel Pinheiro da Fonseca

O bicho-homem seguirá o mesmo. Mas
compraremos online, trabalharemos mais de
casa — e estaremos mais ressentidos
De uma coisa podemos estar certos: quando a
pandemia tiver passado, a humanidade não
ficará mais solidária, não estaremos todos
munidos de algum grande e novo insight sobre a
existência humana, uma nova era de
cooperação e boa vontade não reinará sobre a
Terra. Tampouco abriremos mão de nos
encontrar, de socializar, de aglomerar de
maneira geral. O bicho-homem seguirá o
mesmo. Onde pode haver mudança é na
incorporação de hábitos que a quarentena
forçou sobre nós e que continuarão fazendo

sentido depois dela. Alguns mais simples, como
a presença de álcool em gel. Outros com
impacto econômico e social potencialmente
mais amplo.

Rotina
Primeiro, do lado do consumo: muitos de nós
não tínhamos o hábito de fazer compras online.
Agora, por força da pandemia, muitos se deram
conta de como é prático. Sem dúvida, o
comércio online deve cair um pouco conforme
as medidas de isolamento se afrouxem, mas
deve ficar permanentemente acima do patamar
pré-covid. O processo vivido pelas livrarias, que
estão tendo de se reinventar para sobreviver,
chegará também a outras lojas.

Do lado do trabalho, há uma mudança que veio
para ficar: muitas empresas descobriram que o
home office funciona. Não como um substituto
total do trabalho presencial, mas como uma
alternativa viável. Ficou resfriado, teve algum
imprevisto? Trabalhe de casa. Em outras
empresas, será a ida ao escritório que
demandará um motivo especial. Para reuniões
com pessoas de fora da empresa, a praticidade
do encontro virtual é patente. A economia de
custos é real. Ambas as mudanças terão como
primeiro resultado um ganho de tempo em
nosso dia a dia. Em segundo lugar, tenderão a
aliviar um pouco o trânsito nas cidades e a
reduzir o valor de imóveis comerciais: haverá
menos demanda por espaço físico para
comércio e escritórios.

Setor público
Antes do coronavírus, o Brasil ainda vivia a
angustiante e lenta recuperação da recessão
que se estendeu de 2014 a 2016. Ao contrário
do que o ministro Paulo Guedes afirmou, não
estávamos decolando antes da pandemia. Um
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