Clipping Banco Central (2020-08-01)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Revista Época/Nacional - Entrevista
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Banco Central - Perfil 1 - COAF

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Autor: Aguirre Talento


Subprocuradora-geral da República e ex-
coordenadora da Câmara Criminal da PGR,
Luiza Frischeisen defende uma estrutura de
apoio nacional para a Lava Jato e diz que
procuradores não podem ser ameaçados por
cumprirem sua função



  1. O procurador-geral Augusto Aras fez duras
    críticas à Lava Jato de Curitiba nesta semana e
    tem tomado iniciativas vistas como contrárias
    às forças-tarefas. Como isso tem repercutido
    internamente?
    Em relação à última entrevista que ele deu, na
    live para um grupo de advogados, é preciso
    ressaltar que alguns deles inclusive atuam em
    processos nos quais o procurador-geral da
    República pode ter de falar em grau de recurso
    no Supremo. Ele se colocou contra as forças-
    tarefas, uma coisa que ele chama de
    lavajatismo, mas, além disso, ele adiantou seu
    juízo de valor sobre a criação de uma Unidade
    Nacional de Combate à Corrupção (Unac), que
    é uma proposta de resolução ainda a ser
    debatida no Conselho Superior, do qual eu faço
    parte. As forças-tarefas são um modelo de
    operar, é um nome moderno para o que
    sempre existiu, que são grupos de trabalho. Há
    processos que exigem mais do que a atuação
    de só um procurador, têm um volume de
    desdobramentos enorme e você tem de
    trabalhar com outras instituições, como Polícia
    Federal, Receita Federal, Controladoria-Geral
    da União. Então é preciso uma estrutura
    diferente da atuação individual de só um
    procurador. Agora, chegamos a um momento
    em que se verifica que talvez a gente precise
    de uma estrutura de apoio nacional. O modelo
    de combate à corrupção hoje não pode ser o
    modelo da década de 1990.
    2. A iniciativa da PGR para ter acesso a toda a
    base de dados das forças-tarefas, sem
    especificar quais, tem respaldo legal?
    Essa questão de existirem bancos de dados de
    cada operação realizada com autorização
    judicial, qualquer pessoa que trabalha em uma
    operação maior sabe que é produzido um HD
    de informações, e a primeira coisa que se faz é
    entregar para as defesas. E esses documentos
    são de processos, de investigação, não são
    documentos que vão ficar disponíveis em um
    sistema interno do MPF. Por exemplo, as
    interceptações telefônicas têm todas um
    modelo específico de arquivos. É um conjunto
    de informações colhidas por meio de decisões
    judiciais, que são provas. Hoje, todos os
    relatórios do Coaf, por exemplo, chegam
    diretamente para a PGR, por meio da SPPEA
    (Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise). Eu
    atuo nos recursos da Lava Jato do Rio no STJ
    e é evidente que eu tenho acesso a denúncias
    e ao processo quando eu preciso me
    manifestar, mas eu não vejo necessidade de
    ter acesso a tudo que foi produzido dentro do
    processo. Então, se vier a prevalecer o
    entendimento do ministro Dias Toffoli, vamos
    ter de estabelecer regras de acesso a esses
    dados. Porque, ainda que exista um conjunto
    de informações dentro do MPF obtidos por
    decisão judicial, é necessário ter regras de
    acesso e de sigilo. Isso quer dizer que quem
    acessar tem de estar identificado e precisa
    preservar o sigilo necessário a cada uma das
    provas.
    3. A acusação de Aras de que a Lava Jato de
    Curitiba possui “caixas de segredos” e
    processos ocultos tem fundamento?
    Me preocupa toda essa sistemática de ficar
    sempre duvidando da atuação do membro do
    Ministério Público, do servidor, da Polícia
    Federal. Você não pode criticar uma
    determinada atuação do órgão central (PGR),

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