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Revista Época/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: MONICA DE BOLLE

As reiteradas advertências de alguns
economistas sobre a inevitabilidade de
disparadas inflacionárias e crises fiscais têm
gosto de cartomancia, e eles têm se comportado
como Camilos
Tenho visto economistas se manifestarem
afirmando a inevitabilidade de sofrermos um
grave problema inflacionário ou mesmo uma
severa crise fiscal. Em suas declarações,
inflação e crise aparecem como escritas nas
estrelas, dadas pelas cartas, algo a que
estamos predestinados. A associação imediata
que faço ao ler suas intervenções públicas é
com o conto de Machado de Assis que intitula
este artigo. No conto, Camilo e Rita estão tendo
um caso amoroso, mas Rita é casada com
Vilela, amigo de longa data de Camilo. Quando
Camilo começa a receber cartas anônimas de
alguém que diz tudo saber do romance
clandestino, ele decide parar de frequentar a
casa de Rita e Vilela, para grande transtorno de
Rita. Seu transtorno é tamanho que a leva a
consultar uma cartomante sobre as pretensões
de Camilo: a discussão entre Camilo e Rita
sobre a ida à cartomante abre o conto. Camilo a
adverte sobre os riscos de acreditar no destino e
afirma não ter crenças. Algum tempo depois —
e outras tantas cartas anônimas mais tarde —,
Camilo recebe um telegrama de Vilela instando-
o a ir imediatamente a sua casa. Temeroso,
segue para o lar do amigo. A apreensão lhe
toma por completo ao longo do caminho. Intuía
Camilo que algo estava profundamente errado.

A maestria de Machado torna a tensão do leitor
insuportável. Camilo está desatinado, traça
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