Banco Central do Brasil
Revista Valor Setorial/Nacional - Noticias
quinta-feira, 30 de julho de 2020
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Autor: Ediane Tiago
Com ganhos na casa dos trilhões, a agricultura
4.0 avança entre os grandes, mas o salto
produtivo virá quando alcançar os menores
Em seu novo estudo, “The Bio Revolution”, o
Instituto Global McKinsey aborda como a
combinação e os avanços das ciências
biológicas e da computação alimentam uma
nova onda de inovações. Entre os setores mais
beneficiados por técnicas de biotecnologia,
processamento de dados e inteligência artificial
está o agronegócio. Ao analisar os segmentos
de agricultura, aquicultura e alimentação, a
pesquisa calculou acréscimos anuais nas
receitas globais entre US$ 800 bilhões e US$
1,2 trilhão. O montante representa 36% dos
ganhos possíveis com a adoção de tecnologias
nas próximas duas décadas.
Biomateriais, como a madeira, e a produção de
bioenergia foram analisados em outra seção do
estudo e somam incrementos entre US$ 200
bilhões e US$ 300 bilhões, ou 8% do total. A
conta considera o uso de recursos técnicos
disponíveis no mercado, prontos para
utilização. Novas aplicações e descobertas
científicas podem elevar os ganhos. “É hora de
ligar os pontos, integrar e conectaras
tecnologias”, afirma Silvia Massruhá, chefe-
geral da Embrapa Informática Agropecuária.
Para ela, como protagonista na produção de
alimentos, o Brasil deve reforçar a área de
pesquisa e desenvolvimento no agronegócio
para lucrar, também, no ramo da agricultura
digital, ou 4.0. “Apesar de todos os desafios
para a conectividade do campo, o Brasil é o
país mais avançado nesta área”, sustenta a
pesquisadora. Como exemplo, ela cita as
lavouras dos Estados Unidos -onde os
produtores rurais têm mais acesso a máquinas
conectadas e a serviços de telecomunicações
no campo, mas não avançaram, no mesmo
ritmo brasileiro, na adoção das aplicações que
criam valor e integram as cadeias produtivas.
“Sem uso inteligente, um trator conectado é só
um trator”, diz. Na linguagem simples, é como
ter um smartphone sem aplicativos - ele só
seive para completar ligações.
O sucesso brasileiro, na opinião dos
especialistas, está no fato de os grandes
produtores de commodities apostarem na
migração da agricultura de precisão para a
digital, o que acrescenta a seus modelos de
negócios recursos e sistemas baseados em
inteligência artificial e internet das coisas (loT).
Eles também adotam técnicas de genética e
biotecnologia ejá percebera ma importância de
“ligar os pontos” para reduzir o uso de insumos
químicos, ampliar a produtividade e abastecer
com informações os institutos de pesquisa.
Esse ciclo de convergência e retroalimentação
entre tecnologias digitais e pesquisa científica
foi puxado por mercados agressivos e
importantes para o Brasil, como soja, celulose
e carne. “Os benefícios da adoção de
tecnologia capazes de enviar dados, em tempo
real, ao produtor são indiscutíveis”, destaca
Anselmo Del Toro Arce, sócio-diretor da
Solinftec, agtech brasileira especializada em
automação.
Mais específico, Cristiano Pontelli, gerente de
projetos da Jacto, fabricante de equipamentos,
destaca que a gestão da pulverização, com
informações imediatas sobre o processo, pode
salvar algo em torno de R$ 100 mil em um uma
safra de soja - ou entre 3% e 5% dos custos
com insumos de uma propriedade de grande
porte. Ainda segundo ele, a frota de máquinas
agrícolas bem monitorada consome até 10%
menos combustível. “Os ganhos vão se
somando durante a produção”, diz Pontelli.