Banco Central do Brasil
Revista Veja/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
Clique aqui para abrir a imagem
Clique aqui para abrir a imagem
Autor: DORA KRAMER
Em governo desarticulado e sem projeto, o
Congresso tem a força
Nessa briga do rochedo contra o mar que
caracteriza a relação do Congresso com o
governo Jair Bolsonaro, o esvaziamento do
chamado Centrão com a saída de quatro
partidos (MDB, DEM, PROS e PTB) do bloco
que reunia nove legendas é mero detalhe. Tem
valor mais simbólico que real porque a situação
formal nunca correspondeu à prática na
contabilidade de votos favoráveis aos intentos
do Palácio do Planalto.
O enorme destaque dado no noticiário político
decorre de dois fatores: o interesse de
democratas e emedebistas em valorizar o gesto
e o uso de um critério de avaliação cuja validade
se perdeu na atipicidade desta legislatura. O
Executivo nunca teve tão pouca influência nos
trabalhos do Parlamento, que por sua vez nunca
atuou com tanta autonomia desde a
Constituinte. Lá se vão mais de três décadas
dedicadas à subserviência em maior ou menor
grau, variações entre boas e más intenções, a
depender do ocupante da chefia da nação.
O alvoroço partiu do princípio de que o governo
contava com o apoio consistente daqueles 200
e tantos deputados e que agora se bandearam
para a oposição, explodindo a base
congressual. Ora, para isso ter acontecido seria
necessário que o presidente em algum
momento tivesse tido uma base de apoio. Não
teve, não tem, nem terá.
Por isso perdeu e continuará perdendo