Banco Central do Brasil
Revista Veja/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
incontáveis batalhas, assistindo a derrubadas
de quantos vetos o Congresso quiser derrubar.
Algo inimaginável tempos atrás, quando o
habitual era o adormecimento de vetos
presidenciais nas gavetas do Parlamento.
Houve época em que se acumularam mais de
2?000. Mas isso aconteceu quando o
Legislativo atuou como puxadinho do Planalto.
Não é o caso agora.
Temos um governo fraco, desarticulado e sem
projeto. Nessas condições, o resultado é um
Congresso forte. É uma regra de ouro na
dinâmica do equilíbrio entre os poderes,
seguida de maneira especialmente acentuada
neste governo devido a características do
presidente, mas também dos meios e modos
adotados por ele.
Um sistema todo errático, cujo ponto de partida
foi a opção de se apresentar ao eleitorado e
depois aos governados como contraponto ao
Congresso. Nessa versão lá seria o reino dos
vícios e ele o rei de todas as virtudes. Firmou-
se a lógica do atrito.
Ativista do baixo clero, Bolsonaro escolheu
líderes inexperientes e desprovidos de
representação (à sua imagem e semelhança)
no Legislativo e pôs na articulação política do
Palácio um general estranho ao ramo. Não
aprendeu como as coisas funcionam no
universo dos cardeais e por isso leva deles um
baile atrás do outro.
Tentou escantear Rodrigo Maia, deu-se mal;
acreditou na lenda da negociação de cargos,
levou uma invertida. Vai se sair ainda pior se
quiser eleger o próximo presidente da Câmara.
Quem quer que seja, a Casa não abrirá mão do
protagonismo experimentado, levando na
coleira um presidente desarticulado e sem
projeto. Como Suas Excelências gostam.
Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas