“Brincar um pouco com a vida.
Afinal são sete décadas! Começando
a virar criança.”
Pois é. Neste ano a Lurdinha não
pode vir para o meu aniversário. Eu
queriaatortadefrango.Ojeitofoieu
mesma me desafiar, sem a
desculpa...eu e a massa não nos
entendemos muitobem. E lá“vu” eu,
como dizia minha neta Valentine,
brincando de esconde-esconde.
ReceitadairmãnoWhatsAppemãosà
obra.
Recheioébomfazernavéspera.Tem
que estar frio. Fiz a massa também.
Menoscorreriaesujeiranodia.Teria
que decorar a sala para as amigas.
Temadesteano,“CafeteriadaOlynda”.
Brincar um pouco com a vida. Afinal
são sete décadas! Começando a virar
criança. Minhas amigas mereciam o
melhordemim.
Olha, gostei do recheio. Como não
gosto que fique seco, coloquei um
cremebechamel,requeijãoecremede
leitenorefogadodopeitodefrango.E
nãoéqueacertei?
Abrir a massa foi uma briga boa.
Estica aqui, sobra ali, falta acolá, até
cobrir toda a assadeira, que não era
pequena.
E os rolinhos fininhos como
decoração? Não sei quem
convencionou,quetortadefrango,tem
que ter aqueles filetes de massa,
desenhandoosquadrados.Euria.
Imagina a Olynda que não faz um
risco reto nem com régua, fazer
tirinhas simétricas.Mas enfim, queria
minha torta bem bonita.
Pacientemente ela foi tomando jeito.
Como não poderia deixar de ser, ia
montando a bendita e escrevendo a
crônicanaminhacabeça.Foiprazeroso
e divertido, pois achava graça das
minhaslimitaçõesdequituteira.Dizem
que isto é maturidade. Rir de si
mesma. Trilhar na leveza, sem
estresse.Depoisquemedisseramque
soueterna,perdiapressa.
O perfume de coisa boa foi
impregnando a casa. Deu até fome.
Comecei a ficar orgulhosa de mim
mesma. A consagração se realizou
quandoouvihuuummmm,quedelícia!
Quemfez?
- Mãe,suatortaficoumaravilhosa!!!!
Quem quer arruma um jeito, quem
não querarrumadesculpas- jádizo
ditopopular.
Echegouahorada consagração.As
amigas foram se aconchegando entre
café, chá, torta, bolachinhas e muita
risada. Afinal, tudo foi orquestrado
pelosentimentoamizade.