Clipping Banco Central (2020-08-06)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


O Globo/Nacional - Opinião
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

iniciadas as investigações sobre lavagem de
dinheiro e fraude fiscal de Sua Majestade.
Como tinha tudo, o que faria com os US$ 100
milhões sauditas? Satisfazer a uma amante
alemã, que surgiu na história, parece
exagerado. Tampouco era dinheiro para
campanha, porque rei não precisa se reeleger.
Seu cargo é vitalício. Só perde a função com a
morte ou pela renúncia. O próprio Juan Carlos
costumava dizer que "reis não abdicam,
morrem na cama". Mas ele acabou abdicando
diante do escândalo que ameaçava a própria
coroa. Então, o que o moveu em direção ao
pântano? A velha natureza humana, quem
sabe?


Na vida real (no sentido de cotidiana, não de
realeza), são inúmeros os casos de corrupção
miúda ou graúda por aqui e mundo afora. Em
alguns mais graúdos, vimos pessoas e
instituições quase tão grandes quanto o rei da
Espanha jogarem fora prestígio, respeito e
liberdade por fazerem uso de dinheiro público
de modo privado ou por motivação política. No
Brasil, a corrupção é uma praga do tamanho da
extrema pobreza que desgraça 14 milhões de
brasileiros. Diante dessa tragédia nacional,
torpedear o combate à corrupção é tão
incompreensível quanto um rei roubar.


Os últimos ataques à Lava-Jato demonstram
falta de apreço à transparência e mais uma vez
revelam a velha cegueira deliberada. Se não
vejo, não me incomodo, não puno. Talvez seja
isso o que tenha colocado o procurador-geral
Augusto Aras do outro lado do balcão. Pela
mesma razão, o senador Flávio Bolsonaro, um
dos zeros do presidente da República, acusou
sem nominar integrantes da força-tarefa de ter
motivação política ou financeira, reclamando,
vejam só, do volume de suas operações contra


a corrupção. Esse é o nosso Brasil, que não
por acaso um dia também teve rei.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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