importante do país por 5 por cento da população, a6 lado do problema dos sem-teto. Acontece que
os 5 por cento de obcecados pelo orçamento incluíam as pessoas que contam. “O mundo dos
negócios falou: pelo orçamento federal equilibrado”, anunciou Business Week, dando conta de uma
pesquisa de opinião entre executivos de alto escalão. E, quando os negócios falam, o mesmo é
falado tanto pela classe política como pela mídia, que informaram ao público que ele queria um
orçamento equilibrado, especificando os cortes nos gastos sociais de acordo com a vontade do
público – passando por cima da sua firme oposição, como demonstraram as pesquisas. Não é
surpreendente que o tema tenha sumido rapidamente de vista assim que os políticos tiveram de
enfrentar a grande fera.
Também não surpreende que essa agenda continue a ser implementada com a ambigüidade
de costume, combinando-se cortes cruéis nos gastos sociais com o aumento do orçamento do
Pentágono, ambos com a oposição do público, mas com sólido suporte do mundo dos negócios. As
razão do aumento de gastos são fáceis de entender se temos em mente o papel que joga o sistema
do Pentágono no plano interno: transferir fundos públicos para os setores avançados da indústria, a
fim de proteger dos rigores do mercado os eleitores ricos de Newt Gingrich, por exemplo, com mais
subsídios governamentais do que qualquer outro distrito suburbano do país (à exceção do próprio
governo federal), enquanto o líder da revolução conservadora se dedica a denunciar o Estado
inchado e a enaltecer o individualismo inflexível.
Desde o início, as pesquisas de opinião deixaram claro que as lendas sobre a esmagadora
vitória conservadora eram inverídicas. Hoje a fraude é silenciosamente admitida. O especialista em
pesquisas dos republicanos de Gingrich explicou que, quando disse que a maioria do povo apoiava
o Contrato com a América, quis dizer que as pessoas gostaram dos slogans usados para embrulhá-
lo. Seus estudos mostraram, por exemplo, que o público se opõe ao desmantelamento do sistema de
saúde e quer “preserva(-lo), protege(-lo) e fortalece(-lo) para a geração seguinte”. Por isso, o
desmantelamento é embrulhado como “uma solução que preserva e protege” o sistema de saúde
para a geração seguinte. O mesmo é verdade em geral.
Tudo isso é natural numa sociedade governada, num grau incomum, pelos negócios, e que
gasta fortunas em marketing: um trilhão de dólares anuais, um sexto do Produto Interno Bruto, em
sua maior parte dedutíveis dos impostos, de modo que as pessoas pagam pelo privilégio de estar
sujeitas à manipulação de suas atitudes e seu comportamento.
Mas não é fácil domar a grande fera. Não poucas vezes se pensou que o problema estava
resolvido, que o “fim da história” fora alcançado numa espécie de utopia dos senhores. Um
momento clássico foi quando, na origem da doutrina neoliberal, em começos do século 19, David
Ricardo, Thomas Malthus e outras grandes personalidades da economia clássica anunciaram que a
nova ciência havia provado, com a certeza das leis de Newton, que o maior mal que se pode fazer
aos pobres é querer ajudá-los e que o melhor presente que podemos oferecer às massas sofredoras é
livrá-las da ilusão de que têm direito de viver. A nova ciência havia provado que as pessoas não têm
outros direitos além daquilo que podem obter no mercado de trabalho não regulado. Na década de
1830, parecia que essas doutrinas haviam levado a palma na Inglaterra. Com o triunfo do
pensamento de direita a serviço dos interesses industriais e financeiros britânicos, o povo da
Inglaterra foi “obrigado a trilhar um experimento utópico”, escreveu Karl Polanyi em sua obra
clássica, A Grande Transformação, há cinqüenta anos. Foi o mais “impiedoso ato de reforma social”
de toda a história – prosseguiu – que “esmagou milhares e milhares de vidas”. Mas surgiu um
mariadeathaydes
(mariadeathaydes)
#1