Norte até os anos 1970. Eles se beneficiaram do fato de estarem livres da disciplina do mercado
para atender às necessidades dos setores avançados da indústria, geralmente por meio da
transferência de fundos públicos (às vezes de forma indireta, por meio do poder monopolista, em
lugar das modalidades mais diretas do sistema do Pentágono).
Aqueles que se aferram irracionalmente ao passado, vêem as coisas de uma forma um pouco
diferente. Far Eastem Economic Review observa que haverá perda de postos de trabalho na Ásia e
que “muitos consumidores asiáticos terão de pagar mais pelos serviços telefônicos antes que
venham a pagar menos”. E quando é que irão pagar menos? Para que se veja a aurora desse
brilhante futuro, basta que os investidores estrangeiros sejam “incentivados... a agir de um modo
socialmente desejável” e não apenas com o olho no lucro e no atendimento aos ricos e ao mundo
empresarial. Ninguém explicou ainda como acontecerá esse milagre, embora não haja dúvida de
que essa sugestão irá inspirar sérias reflexões nos quartéis-generais das grandes empresas.
No horizonte temporal relevante para o planejamento, o acordo da OMC fará aumentar o
custo dos serviços telefônicos para a maioria dos consumidores asiáticos, prevê a Review. “O fato.é
que relativamente poucos consumidores asiáticos são candidatos ao benefício das tarifas mais
baixas nas ligações para o exterior” previstas com o controle das imensas corporações estrangeiras,
de maioria americana. Na Indonésia, por exemplo, somente umas 300 mil pessoas – especificamente
o setor empresarial – de um total de cerca de 200 milhões de habitantes fazem ligações
internacionais. “É muito provável uma elevação do custo dos serviços locais em geral”, na Ásia,
segundo David Barden, analista regional de telecomunicações da P. J. Morgan Securities, de Hong
Kong. Mas isso ainda não é o principal, continua: “Se não houver lucratividade no negócio, não
haverá negócio”. E agora que ainda mais propriedades públicas estão sendo entregues às grandes
empresas estrangeiras seria melhor que a sua lucratividade estivesse garantida – hoje as
telecomunicações, amanhã um conjunto muito mais amplo de serviços afins. O jornalismo de
negócios prevê que “as comunicações pessoais via Internet (incluindo redes e interações
empresariais) tomarão conta das telecomunicações em cinco ou seis anos e os operadores de
telefonia têm o maior interesse em entrar no negócio da comunicação on-line”. Refletindo sobre o
futuro da sua própria empresa, Andrew Groves, diretor-executivo da Intel, vê a Internet como “a
maior mudança em nosso ambiente” no momento atual. Ele espera um crescimento em larga escala
“para provedores, para pessoas envolvidas na geração da World Wide Web, para pessoas que
produzem computadores” (“pessoas”: quer dizer, grandes empresas) e para a indústria da
publicidade, negócio por volta de 350 bilhões de dólares anuais, e antevêtambém novas
oportunidades com a privatização da Internet, que poderá convertê-la num oligopólio global.^6
Enquanto isso, as privatizações saem na frente, a passos rápidos, em outros lugares. Para
que se cite um caso da maior importância, o governo brasileiro decidiu, passando por cima de uma
considerável oposição popular, privatizar a Companhia Vale do Rio Doce, que controla imensas
fontes de urânio, ferro e outros minerais, além de instalações industriais e transportes com
sofisticada tecnologia. A Vale é uma empresa altamente lucrativa, com receita de mais de 5 bilhões
de dólares em 1996, e com excelentes perspectivas; é uma das seis emPresas latino-americanas
ranqueadas entre as 500 mais lucrativas do mundo. Um estudo feito por especialistas da
Coordenação dos Programas de Pós-Graduação da Escola de Engenharia da UFRJ estimou que o
governo brasileiro sub-avaliou seriamente a companhia, observando também que ele se baseou na
análise “independente” da Merril Lynch, que, por acaso, é associada ao grupo anglo-americano que
mariadeathaydes
(mariadeathaydes)
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