fechamento das fábricas para o princípio de liberdade de associação e o direito de organização dos
trabalhadores nos três países”. O estudo foi elaborado sob a égide do NAFTA, em resposta a uma
reclamação dos trabalhadores das telecomunicações por práticas ilegais de trabalho por parte da
Sprint. A reclamação fora aceita pelo Conselho Nacional das Relações de Trabalho, que determinou
algumas penalidades triviais depois de anos de atraso, um procedimento típico. O estudo do
NAFTA, de autoria da especialista em economia do trabalho Kate Bronfenbrenner, da Universidade
de ComeU, teve a sua publicação autorizada no México e Canadá, mas nos Estados Unidos ela foi
protelada pelo governo Clinton. O estudo revela um impacto significativo do NAFTA sobre a
substituição de grevistas. Quase a metade de todas as iniciativas de organização sindical é rompida
pelas ameaças dos empregadores de transferir a produção para o estrangeiro; por exemplo,
colocando avisos “Empregos Transferidos para o México” na frente da fábrica onde exista um ímpeto
organizador. Essas ameaças são para valer: quando o ímpeto organizador é não obstante bem-
sucedido, os empregadores fecham totalmente a fábrica ou parcialmente pelo triplo do tempo de
antes do NAFTA (cerca de 15 por cento). As ameaças de fechamento de fábricas são duas vezes mais
freqüentes nas indústrias mais móveis (por exemplo, manufatura versus construção).
Essas e outras práticas relatadas no estudo são ilegais, mas trata-se de uma tecnicalidade,
tanto quanto as violações das leis internacionais e dos acordos comerciais quando os resultados
não são considerados aceitáveis. O governo Reagan deixou claro para o mundo dos negócios que as
suas atividades anti-sindicais ilegais não seriam tolhidas pelo Código Penal, e os seus sucessores
mantiveram essa posição. Uma poderosa repercussão foi a destruição dos sindicatos – ou, em
termos mais polidos, as “mudanças nas instituições e práticas do mercado de trabalho”, que
contribuem para a “significativa contenção salarial”, dentro de um modelo econômico apresentado
com grande orgulho a um mundo retrógrado que ainda não compreendeu os princípios vitoriosos
que hão de mostrar o caminho da liberdade e da justiça.^55
Aquilo que se disse fora da grande imprensa sobre os objetivos do NAFTA é também agora
silenciosamente admitido: o verdadeiro objetivo era “amarrar o México” às “reformas” que o trans
formaram num “milagre econômico”, no sentido técnico do termo: um “milagre” para os investidores
norte-americanos e os mexicanos ricos, enquanto a população afundava na miséria. O governo
Clinton “esqueceu que o propósito subjacente ao NAFTA não era promover o comércio, mas
consolidar as reformas econômicas do México”, declara com arrogância Marc Levinson,
correspondente da Newsweek, que só deixou de acrescentar que o contrário foi proclamado aos
quatro ventos para garantir a aprovação do NAFTA, ao mesmo tempo que os críticos que
destacavam esse “propósito subjacente” eram em sua maioria excluídos do livre mercado de idéias
pelos seus proprietários.
Talvez as prováveis razões sejam também admitidas algum dia. Pretendia-se que, uma vez o
México “amarrado” a essas reformas, evitar-se-ia o perigo detectado por um seminário de
Desenvolvimento Estratégico Latino-Americano, realizado em setembro de 199 0, em Washington. O
seminário concluiu que era correto manter relações com a brutal ditadura mexicana, apesar de um
problema potencial: “uma ‘abertura democrática’ no México poderia pôr à prova essa relação
especial por meio da eleição de um governo mais interessado em contestar os EUA em termos
econômicos e nacionais” – o que já não é um grave problema, agora que o México está “amarrado às
reformas” por um tratado. Os Estados Unidos têm o poder de ignorar ao seu bel-prazer as
obrigações contraídas pelos tratados. O México, não.^56
mariadeathaydes
(mariadeathaydes)
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