principais economistas do país, equipados com os mais atualizados modelos (que foram
absolutamente incapazes de prever as deletérias conseqüências do Tratado de Livre Comércio
Estados Unidos-Canadá, mas que, por alguma razão misteriosa, iriam funcionar no caso do
NAFTA). Ignorou-se completamente a cuidadosa análise do Office of Technology Assessment (o birô
de pesquisas do Congresso), que concluiu que a versão planejada do NAFTA prejudicaria a maioria
da população da América do Norte e propôs alterações que poderiam torná-lo benéfico para um
setor mais amplo do que o pequeno círculo de investidores e financistas. Ainda mais instrutiva foi a
ocultação da posição oficial do movimento organizado dos trabalhadores dos Estados Unidos,
apresentada numa análise similar. Ao mesmo tempo, o movimento foi duramente criticado por sua
visão “retrógrada e obscurantista” e por sua “cruel tática de ameaças”, ambas motivadas pelo “medo
da mudança e dos estrangeiros”; uma vez mais, utilizo apenas exemplos sacados à esquerda do
leque político, nesse caso, Anthony Lewis. As acusações eram comprovadamente falsas, mas foram
o único discurso que chegou ao grande público nesse inspirador exercício de democracia. Outros
detalhes, ainda mais esclarecedores, foram analisados pela literatura dissidente da época e dos
anos seguintes, mas mantidos longe dos olhos do público e com pouca probabilidade de entrar para
a história oficial.^53
Hoje, as lendas sobre as maravilhas do NAFTA estão silenciosamente guardadas nas
prateleiras, ao mesmo tempo que os fatos começam a aparecer. Não se ouve mais falar das centenas
de milhares de novos empregos e de outros grandes benefícios prometidos aos povos dos três
países. Essas boas novas foram substituídas pelo “ponto de vista econômico claramente positivo” –
a “visão dos experts “– de que o NAFTA não teve nenhum efeito significativo. O Wall Street Journal
relata que “os funcionários do governo sentem-se frustrados por sua incapacidade de convencer os
eleitores de que tal ameaça não os prejudica” e de que a perda de postos de trabalho é “muito
menor do que a prevista por Ross Perot”, cuja voz foi admitida nos debates principais (ao contrário
da Organic Trade Association (OTA), do movimento dos trabalhadores, dos economistas desgarrados
da Linha do Partido e, é claro, dos analistas dissidentes) por causa de suas afirmações muitas vezes
extremadas, facilmente ridicularizáveis. Citando a triste observação de um funcionário do governo,
o Journal informa ainda que “É difícil combater os críticos dizendo a verdade a de que o pacto
comercial ‘não fez realmente nada”‘. Esquecida é como “a verdade” estaria quando este potente
exercício de democracia estivesse roncando com força total à frente.^54
Enquanto os experts rebaixam o NAFTA à condição de “sem nenhum efeito significativo”,
despachando a anterior “opinião dos experts” para os porões da memória, um “ponto de vista
econômico” menos que “claramente positivo” vem à tona quando o âmbito do “interesse nacional” se
amplia para incluir a população em geral. Depondo diante do Comitê de Bancos do Senado em
fevereiro de 1997, o presidente do Banco Central, Alan Greenspan, mostrou-se bastante otimista a
respeito da “expansão econômica sustentável” propiciada pela “contenção atípica do crescimento
das remunerações [cuja] principal causa parece ser o aumento da insegurança do trabalhador” –
óbvia aspiração de uma sociedade justa. O Relatório Econômico da Presidência de fevereiro de
1997, orgulhando-se das realizações do governo, refere-se, de um modo mais elíptico, às “mudanças
em instituições e práticas do mercado de trabalho” como um fator explicativo da “significativa
contenção salarial” que anima a saúde da economia.
Uma das razões dessas mudanças positivas está detalhadamente explicada num estudo
encomendado pela Secretaria de Relações de Trabalho do NAFTA “sobre as repercussões do súbito
mariadeathaydes
(mariadeathaydes)
#1