da desintegração social que produz os criminosos(violentos”. As principais dentre elas são as
políticas econômicas e sociais que polarizam a sociedade americana, e que o NAFTA colocou alguns
furos acima. Os conceitos de “eficiência” e “economia saudável”, prediletos dos ricos e privilegiados,
não têm nada a oferecer aos crescentes setores da população que não dão lucro e que são
empurrados para a pobreza e o desespero. Se não puderem ser confinados nas favelas, terão de ser
controlados de um outro modo qualquer.
Assim como o momento da Insurreição Zapatista, o significado da coincidência legislativa foi
mais que simbólico.
O debate sobre o NAFTA ficou basicamente concentrado no problema dos fluxos de trabalho,
sobre os quais se sabe muito pouco. A expectativa mais confiável, porém, é a de que haverá um
amplo achatamento salarial. “Muitos economistas acham que o NAFTA pode arrastar os salários
para baixo”, disse Steven Pearlstein, no Washington Post, temendo que a redução dos salários
mexicanos pudesse ter um efeito gravitacional sobre os salários dos trabalhadores norte-
americanos”. Isso é esperado até mesmo pelos defensores do NAFTA, que reconhecem que os
trabalhadores menos qualificados – cerca de 70 por cento da força de trabalho – deverão sofrer
perdas salariais.
No dia seguinte à votação do NAFTA no Congresso, o New York Times publicou a sua primeira
análise sobre os efeitos esperados do acordo na região de Nova York. Era uma análise otimista,
coerente com o apoio entusiástico recebido em toda parte. Enfocava os prováveis beneficiários: os
setores “financeiros e afins”, “os bancos regionais, as telecomunicações e as empresas prestadoras
de serviços”, companhias de seguros, investidoras, empresas de serviços jurídicos, a indústria de
relações públicas, as consultorias de negócios e congêneres. Previa ainda que algumas empresas
manufatureiras poderiam ganhar, principalmente as de tecnologia de ponta, as editoras e os
laboratórios farmacêuticos, que se beneficiariam das medidas protecionistas elaboradas para
garantir às grandes empresas o controle da tecnologia do futuro. De passagem, o artigo mencionava
que também haveria perdedores, “predominantemente mulheres, negros e hispânicos”, além dos
“trabalhadores não-especializados” em geral, isto é, a maioria da população de uma cidade onde 40
por cento das crianças já vivem abaixo da linha de pobreza, sofrendo de deficiências de saúde e
instrução que as “amarram” a um amargo destino.
Observando que os salários reais dos trabalhadores da produção e de funções não-
supervisoras caíram ao nível dos anos 1960, o Congressional Office for Technology Assessment
previu, em sua análise da versão projetada (e implementada) do NAFTA, que ele “poderia ao final
amarrar os Estados Unidos a um futuro de baixos salários e baixa produtividade”, embora as
revisões propostas pela OTA e por outros críticos – jamais admitidos no debate – pudessem
beneficiar as populações dos três países.
A versão aprovada do NAFTA provavelmente acelerará um “desenvolvimento positivo de
transcendental importância” (Wall Street Joumal): a redução do custo da força de trabalho norte-
americana a níveis bem abaixo de todos as potências industriais à exceção da Inglaterra. Em 1985,
os Estados Unidos situavam-se no topo da lista das sete maiores economias capitalistas (0-7), como
era de esperar do país mais rico do planeta. Numa economia mais integrada, o impacto é mundial,
uma vez que os competidores precisam se acomodar. A OM pode se mudar para o México ou agora
para a Polônia, onde encontra quem se disponha a trabalhar por uma fração do valor do trabalho
no Ocidente e está protegida por altas tarifas e outras restrições. A Volkswagen pode se mudar para
mariadeathaydes
(mariadeathaydes)
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